Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - O Comitê da ONU contra a Tortura cobrou dos Estados Unidos nesta sexta-feira que investigue e leve à Justiça casos de brutalidade policial e tiros contra jovens negros desarmados, e que garanta que armas de choque sejam usadas apenas em situações com risco de morte.
A primeira revisão da comissão desde 2006 sobre o histórico dos EUA de combate à tortura acontece em meio à instabilidade racial vivida em várias cidades dos EUA nesta semana devido à decisão de um júri do Missouri de não indiciar um policial branco que matou a tiros um jovem negro desarmado na cidade de Ferguson.
O comitê denunciou o "sofrimento doloroso e prolongado" de prisioneiros durante "execuções mal feitas", assim como frequentes estupros de presos, acorrentamento de mulheres grávidas em algumas prisões, e o uso extensivo de confinamento em solitária.
O relatório cita preocupações com o "grande número de relatos" de brutalidade policial e uso excessivo da força contra pessoas de grupos minoritários, imigrantes e homossexuais, assim como discriminação racial e militarização do trabalho de policiamento.
O comitê se referiu a "frequentes e recorrentes tiros ou perseguições fatais da polícia a indivíduos negros desarmados".
A delegação dos EUA disse aos 10 especialistas independentes da comissão que 20 investigações foram iniciadas desde 2009 sobre abusos policiais sistemáticos, e que mais de 330 policiais foram processados por brutalidade.
O painel da ONU disse que há informação disponível insuficiente sobre o resultado dessas investigações.
Segundo o comitê, há relatos "numerosos e consistentes" de que a polícia dos EUA tem usado essas armas de choque contra pessoas desarmadas que resistiam à prisão, e condenou dois casos recentes de morte na Flórida e em Illinois.
Tasers devem ser usados apenas em casos extremos para prevenir a perda de uma vida ou ferimentos grandes, disse o comitê.