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Como o pequeno e rural Iowa dá largada em escolha dos candidatos presidenciais dos EUA

Publicado 03.02.2020, 11:00
Atualizado 03.02.2020, 11:07
Como o pequeno e rural Iowa dá largada em escolha dos candidatos presidenciais dos EUA

Por Ginger Gibson

WASHINGTON (Reuters) - Utilizando um sistema complicado de caucus, ou assembleias de eleitores, a primeira disputa das primárias presidenciais democratas dos Estados Unidos começa no Iowa nesta segunda-feira.

Os eleitores não usam cédulas de papel, mas realizam reuniões em todo o Estado para escolher seus candidatos presidenciais.

Há 11 democratas pleiteando a indicação do partido para enfrentar o presidente republicano, Donald Trump, na eleição de novembro.

Em Iowa os pré-candidatos disputarão 41 delegados com direito a voto na Convenção Nacional Democrata, na qual é preciso que qualquer candidato conquiste 1.991 delegados para se tornar o indicado do partido.

Ao invés de depositar votos em urnas, os moradores de Iowa realizam assembleias de eleitores em refeitórios de escolas, centros comunitários e salas de estar particulares para decidirem quem acham que deveria ser o escolhido do partido.

No total, são mais de 1.600 assembleias. Os resultados são enviados à filial estadual da sigla, que então calcula quantos delegados cada presidenciável recebeu.

Em cada caucus, os eleitores se dividem e se unem àqueles que apoiam o mesmo candidato. Se houver eleitores suficientes com a mesma inclinação, seu candidato recebe um delegado, sendo identificado como "viável".

Mas os eleitores que escolhem um candidato sem apoio suficiente – muitas vezes ao menos 15% dos que comparecem a um caucus – são forçados a fazerem uma segunda escolha.

Eles têm três opções: apoiar um candidato que já é viável, somar forças com os apoiadores de outro candidato inviável e torná-lo viável ou desistir. Este processo é conhecido como "realinhamento".

As assembleias são realizadas ao mesmo tempo, e devem começar às 20h locais desta segunda-feira.

O segundo candidato preferido dos eleitores pode desempenhar um papel grande no resultado. Atualmente, a maioria das pesquisas de opinião só mostra quatro pré-candidatos --o ex-vice-presidente Joe Biden, o ex-prefeito de South Bend, em Indiana, Pete Buttigieg, e os senadores Bernie Sanders e Elizabeth Warren-- com mais de 15% das preferências no Iowa.

Como qualquer candidato precisa ao menos deste percentual de apoio dos participantes em qualquer zona eleitoral para continuar "viável", os apoiadores dos outros candidatos são obrigados a se realinharem ou escolher outro nome.

Coletivamente, os apoiadores dos quatro favoritos representam pouco mais de 70% do eleitorado, de acordo com uma média de pesquisas nacionais.

Isso deixa cerca de 30% dos eleitores sujeitos a ter que escolher sua segunda opção entre estes quatro candidatos – um número grande que pode colocar um dos mais bem colocados adiante de seus rivais.

Mas a filial estadual está mudando a maneira como os resultados são relatados neste ano devido às queixas daqueles que apoiaram Sanders em 2016, quando ele perdeu o Iowa por pouco para Hillary Clinton, a eventual escolhida dos democratas.

Antes, as autoridades democratas do Estado só divulgavam os resultados finais do caucus ou quanto apoio cada candidato recebeu depois que o realinhamento forçou as pessoas a fazerem uma segunda escolha.

Em 2016, apoiadores de Sanders argumentaram que na primeira contagem ele teve mais apoio do que Hillary, mas que depois do realinhamento, quando a maioria dos defensores do ex-governador de Maryland, Martin O'Malley, tiveram que escolher uma segunda opção, Hillary passou a ter mais apoio.

Para apaziguar a queixa, neste ano os democratas de Iowa publicarão as duas somas: como os eleitores se alinham em sua primeira escolha e os resultados vistos depois que os apoiadores de candidatos inviáveis fazem uma nova escolha.

Além disso, pela primeira vez os candidatos precisam ter ao menos 15% de apoio para serem considerados viáveis ou obterem um delegado – nos anos anteriores, o número era calculado com base nos participantes e nos delegados disponíveis.

É mais provável que o novo piso afete os candidatos cujo apoio é de cerca de 10%, um nível que poderia bastar para conquistar um delegado no passado, mas que pode deixar um candidato sem nenhum delegado neste ano.

No cômputo geral, o tamanho de Iowa lhe dá pouca influência na contagem final de delegados para o indicado democrata.

O Iowa tem 41 dos 1.991 delegados necessários para se garantir a indicação – para efeito de comparação, o Texas tem 228 e a Califórnia tem 415, mas acaba tendo uma influência maior por ser o primeiro do país a realizar uma primária.

Historicamente, qualquer disputa com vários candidatos se reduz a três ou quatro favoritos depois de Iowa.

Também conta o Estado ter um histórico respeitável na eventual escolha do indicado democrata, já que nas últimas cinco primárias do partido o vencedor em Iowa se tornou o candidato presidencial.

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