HONG KONG (Reuters) - Uma conselheira do principal órgão consultivo político da China disse que irá propor permitir que mulheres solteiras tenham acesso ao congelamento de óvulos como uma medida para preservar sua fertilidade depois que a população do país caiu no ano passado pela primeira vez em seis décadas.
Lu Weiying disse ao Global Times, um site de notícias apoiado pelo Estado chinês, que também irá propor a inclusão de tratamentos contra a infertilidade no sistema público de saúde na próxima Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), que começa em 4 de março.
Lu, uma médica de fertilidade na província de Hainan, no sul da China, disse que dar às mulheres solteiras acesso ao congelamento de seus óvulos lhes permite "preservar os óvulos antes de passarem seus anos reprodutivos de pico. A mulher ainda precisa se casar se quiser usar seus óvulos congelados e engravidar no futuro", disse ela ao Global Times.
Atualmente, tratamentos de fertilidade, como fertilização in vitro (FIV) e congelamento de óvulos na China, são proibidos para mulheres solteiras.
As recomendações de Lu surgem no momento em que as autoridades tentam reforçar a taxa de natalidade em queda com incentivos, incluindo a expansão da licença-maternidade, benefícios financeiros e fiscais para ter filhos, bem como subsídios para moradia.
No ano passado, a China registrou sua menor taxa de natalidade da história, de 6,77 nascimentos por 1.000 habitantes.
Mesmo que nove dos 10 países mais populosas do mundo estejam experimentando declínios na fertilidade, a taxa de fertilidade chinesa em 2022, de 1,18, foi a mais baixa e bem abaixo do padrão da OCDE de 2,1 para uma população estável. A China ainda não divulgou oficialmente seus dados de fertilidade para 2022.
Grande parte da crise demográfica da China é resultado da política de filho único imposta entre 1980 e 2015, bem como do alto custo da educação.
(Reportagem de Farah Master)