Por Sebastien Malo
NOVA YORK (Thomson Reuters Foundation) - Pessoas entrevistadas em cinco continentes acreditam equivocadamente que países ocidentais ricos estão acolhendo a maioria dos refugiados no momento em que o mundo lida com a pior crise imigratória em décadas, mostrou uma pesquisa divulgada na quinta-feira.
Diante da maior quantidade de pessoas em fuga desde a Segunda Guerra Mundial, a maioria dos entrevistados pensa que Estados Unidos, França e Alemanha aceitaram o maior número de refugiados ao longo da última década, revelou a sondagem da Iniciativa Humanitária Aurora (AHI, na sigla em inglês).
Mas Paquistão, Irã e Turquia acolheram mais refugiados e postulantes a asilo neste período --cerca de 10 milhões de pessoas, de acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) citados como parte do levantamento.
EUA e Alemanha receberam cerca de 3,5 milhões de pessoas, segundo a AHI. O estudo não citou nenhuma cifra para a França porque esta não ficou entre as 15 nações que mais acolheram refugiados e postulantes a asilo na última década.
A pesquisa com cerca de 6.500 adultos de 12 países foi feita em fevereiro e março. Mais de 65 milhões de pessoas foram expulsas de seus lares pela guerra e pela pobreza no Oriente Médio, na África e em outros locais, de acordo com o Acnur.
Salpi Ghazarian, cientista social da Universidade do Sul da Califórnia associada à AHI, disse que a percepção equivocada de que nações ricas lideram o grupo de acolhimento a refugiados indica existir uma crença de que estas deveriam fazer mais.
"A suposição natural seria de que países com mais capacidade seriam aqueles dando um passo adiante e fazendo algo", disse ela à Thomson Reuters Foundation em uma entrevista por telefone.
Como sinal de um "atoleiro humanitário mundial", a instituição de caridade sediada em Erevan, na Armênia, também informou que sua sondagem revelou que só um terço dos entrevistados se mostrou disposto a receber mais refugiados.
Os entrevistados moram na França, Alemanha, Reino Unido, EUA, Argentina, Armênia, Irã, Japão, Quênia, Líbano, Rússia e Turquia.
No início deste ano, o presidente norte-americano, Donald Trump, assinou um decreto estabelecendo um teto de 50 mil pessoas para o número total de refugiados com direito a ingressar em seu país.
Por sua parte, os europeus expressaram ressentimento com a leva de refugiados em seus países, inclusive na Alemanha, que recebeu mais refugiados do que qualquer outro país da Europa.