Por Hyonhee Shin e Josh Smith
SEUL (Reuters) - A Coreia do Norte explodiu um escritório criado para fomentar uma relação melhor com a Coreia do Sul na cidade fronteiriça de Kaesong nesta terça-feira, depois de ameaçar agir se desertores norte-coreanos forem adiante com uma campanha para enviar panfletos de propaganda ao seu território.
A agência de notícias estatal norte-coreana KCNA disse que o local, que estava fechado desde janeiro devido ao temor do novo coronavírus, foi "tragicamente arruinado por uma explosão terrível".
Vídeos de vigilância em preto e branco divulgados pelo Ministério da Defesa da Coreia do Sul mostraram uma grande explosão que pareceu derrubar a estrutura de quatro andares. A detonação também pareceu causar o desmoronamento parcial de um arranha-céu vizinho de 15 andares que servia como instalação residencial de autoridades sul-coreanas que trabalhavam no prédio que servia de sede para fomentar relação entre as Coreias.
Enquanto operou, o escritório funcionou na prática como uma embaixada para os antigos rivais, e sua destruição representa um grande revés para os esforços do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, de levar seu vizinho do norte a cooperar.
O Conselho de Segurança Nacional da Coreia do Sul convocou uma reunião de emergência nesta terça-feira e disse que seu país reagirá severamente se a Coreia do Norte continuar a elevar as tensões.
A destruição do escritório "acabou com as expectativas de todas as pessoas que esperam o desenvolvimento de relações intercoreanas e a paz duradoura na península", disse o vice-conselheiro de Segurança Nacional, Kim You-geun, em uma coletiva de imprensa.
"Estamos deixando claro que o Norte é inteiramente responsável por todas as consequências que isto possa causar", disse.
A tensão vem aumentando nos últimos dias. Pyongyang está ameaçando cortar as relações com a Coreia do Sul e retaliar por causa dos panfletos de propaganda, que têm mensagens críticas ao líder norte-coreano, Kim Jong Un, inclusive a respeito dos direitos humanos.
A KCNA disse que o escritório foi explodido para forçar "a escória humana, e aqueles que abrigaram a escória, a pagar caro por seus crimes". A Coreia do Norte se refere a desertores como "escória humana".
Uma fonte militar sul-coreana disse à Reuters que surgiram sinais de que a Coreia do Norte estava levando a cabo a demolição no início do dia, e autoridades militares sul-coreanas assistiram imagens de vigilância ao vivo enquanto o edifício era demolido.
No sábado, a mídia estatal norte-coreana noticiou que Kim Yo Jong, irmã do líder da nação que serviu como autoridade graduada do governista Partido dos Trabalhadores, ordenou o departamento a cargo de assuntos intercoreanos a "realizar a próxima ação decididamente".
(Por Hyonhee Shin, Josh Smith e Sangmi Cha)