Por Hyonhee Shin
SEUL (Reuters) - A Coreia do Norte disse nesta terça-feira que não tem interesse em uma cúpula com o Japão e que rejeitaria qualquer conversa, informou a mídia estatal KCNA, o que pode piorar as relações já hostis entre os dois países.
Kim Yo Jong, a poderosa irmã do líder norte-coreano Kim Jong Un, afirmou que o Japão havia solicitado uma cúpula sem pré-condições, o que ela só aceitaria se o Japão estivesse pronto para um "novo início" sem "ficar obcecado pelo passado".
As relações bilaterais têm sido tensas devido a disputas que incluem o sequestro de cidadãos japoneses pela Coreia do Norte no início dos anos 2000 e a ocupação japonesa da península coreana de 1910 a 1945 e seu uso de trabalho forçado e escravidão sexual.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, recusou-se a responder diretamente aos comentários de Kim, dizendo aos repórteres na terça-feira que o Japão continuaria seus esforços para resolver questões com a Coreia do Norte com base nas políticas existentes.
Kim disse que Tóquio não tinha "coragem alguma" de mudar a história, depois que o Japão levantou a questão dos cidadãos japoneses sequestrados e dos programas nuclear e de mísseis de Pyongyang.
"Isso é comprovado pela atitude do Japão de se apegar a questões inatingíveis que nunca poderão ser resolvidas e que não têm nada a ser resolvido", disse Kim em um comunicado divulgado pela KCNA.
Ela destacou os comentários do principal porta-voz do governo japonês, Yoshimasa Hayashi, de que a alegação da Coreia do Norte de que a questão do sequestro havia sido resolvida era "totalmente inaceitável".
Em 2002, a Coreia do Norte admitiu ter sequestrado 13 cidadãos japoneses décadas antes. Cinco dos sequestrados retornaram posteriormente ao Japão, dizendo que os outros haviam morrido. Mas Tóquio acredita que 17 japoneses foram sequestrados e continua a investigar o destino daqueles que não retornaram.
Acusando Kishida de usar os laços bilaterais como "cálculos políticos", Kim disse que seu país rejeitaria qualquer conversa com Tóquio.