Por Josh Smith
SEUL (Reuters) - Após anos de isolamento devido à pandemia da Covid-19, a Coreia do Norte receberá nesta semana delegações de China e Rússia para as comemorações do 70º aniversário da Guerra da Coreia e da luta contra os Estados Unidos e seus aliados.
Espera-se que as autoridades visitantes, que incluem o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o membro do Politburo do Partido Comunista Chinês, Li Hongzhong, sejam presenteados com um dos eventos marcantes da Coreia do Norte: um enorme desfile militar exibindo seu mais recente armamento.
Analistas dizem que o espetáculo provavelmente incluirá os mísseis nucleares da Coreia do Norte banidos pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), do qual Rússia e China são membros permanentes.
As visitas são as primeiras delegações estrangeiras a visitarem publicamente a Coreia do Norte desde o início da pandemia, e ocorrem no momento em que Pyongyang procura aprofundar seus laços com Pequim e Moscou, encontrando um ponto comum em suas rivalidades com Washington e o Ocidente.
O feriado de quinta-feira, no qual a Coreia do Norte celebra o que vê como uma vitória sobre as forças aliadas lideradas pelos EUA na Guerra da Coreia entre 1950 e 1953, oferece uma chance para Pyongyang destacar os dias da Guerra Fria, quando as tropas norte-coreanas lutaram com o apoio chinês e russo.
A Coreia do Norte ainda está tecnicamente em guerra com a aliança liderada pelos EUA depois que os combates terminaram em um armistício, em vez de um tratado de paz formal.
"A Coreia do Norte convidando delegações de ambos os países parece ser um caso de rima histórica, em que Pyongyang está se preparando para enfrentar o Ocidente, mas percebe a necessidade de manter laços relativamente equilibrados com a China e a Rússia", disse Anthony Rinna, um especialista em relações Coreia-Rússia no Sino-NK, site que analisa a região.
Apenas o tempo dirá se as visitas sinalizam uma flexibilização mais ampla nas proibições da Coreia do Norte a viagens internacionais, o que poderia, em teoria, fornecer uma abertura para as autoridades norte-americanas negociarem a libertação do soldado Travis King, que cruzou para a Coreia do Norte na semana passada, disse Rinna.
No entanto, parece improvável que Pyongyang tente se envolver com Washington em breve e pode se considerar em uma Nova Guerra Fria em grande escala com os Estados Unidos, acrescentou.
A parada militar em Pyongyang provavelmente incluirá até 15.000 pessoas e possivelmente apresentará novos projetos de armas com capacidade nuclear, disse Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos em Seul.
O líder norte-coreano, Kim Jong Un, iniciou as comemorações nesta semana com visitas a um cemitério para soldados chineses que lutaram na guerra, conhecida como Guerra de Libertação da Pátria, informou a agência de notícias estatal KCNA nesta quarta-feira.