Por Hyonhee Shin e Josh Smith
SEUL (Reuters) - A Coreia do Norte disse nesta quarta-feira que rejeitou uma oferta sul-coreana de envio de representantes especiais para ajudar a apaziguar as tensões causadas por um desafio de desertores norte-coreanos e suspendeu os esforços de reconciliação, além de prometer reposicionar soldados nas áreas fronteiriças.
Os anúncios vieram um dia depois de a Coreia do Norte explodir um escritório conjunto de ligação erguido de seu lado da fronteira com parte de um acordo de paz firmado pelos líderes dos dois países em 2018.
Qualquer ação para invalidar acordos de paz bilaterais representa um grande revés para o empenho do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, em fomentar uma reconciliação mais duradoura com Pyongyang.
O recrudescimento também pode complicar os esforços do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já às voltas com a pandemia de coronavírus e protestos antirracismo, para persuadir a Coreia do Norte a abandonar seus programas nuclear e de mísseis.
"A solução para a crise presente entre o Norte e o Sul, causada pela incompetência e irresponsabilidade das autoridades sul-coreanas, é impossível e só pode ser encerrada quando o devido preço for pago", disse a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA.
O Rodong Sinmun, jornal do Partido dos Trabalhadores norte-coreano, publicou fotos mostrando o escritório de ligação antes e depois da demolição, ao lado de uma série de artigos e comentários da KCNA criticando a Coreia do Sul.
"Prelúdio agourento de uma catástrofe total nas relações Norte-Sul", disse a manchete de um dos artigos, referindo-se à destruição do escritório.
As tensões estão aumentando neste mês. A Coreia do Norte ameaça romper as relações com a Coreia do Sul e retaliar desertores norte-coreanos que enviam panfletos de propaganda por balão ou por mar ao seu território.
A Coreia do Sul, que estava disposta a aprimorar os laços com a vizinha do norte, pediu aos desertores que parem, mas estes disseram que levarão sua campanha adiante.
O agravamento da situação levou o ministro da Unificação sul-coreana, Kim Yeon-chul, que supervisiona as relações com Pyongyang, a oferecer a renúncia, pedindo desculpas, em comentários feitos aos repórteres, por não conseguir atender as expectativas de paz e prosperidade na península.
Kim Yo Jong, irmã do líder norte-coreano, Kim Jong Un, criticou Moon duramente em outro comunicado da KCNA, dizendo que ele foi incapaz de implantar qualquer um dos pactos de 2018 e que "colocou o pescoço no laço da subserviência pró-EUA".
(Reportagem adicional de Sangmi Cha)