Por Gabriela Baczynska
BRUXELAS (Reuters) - Os olhos estavam voltados para a posição que será tomada pela Alemanha, nesta quinta-feira, quando os ministros de migração da União Europeia se reúnem em Bruxelas para discutir como lidar com os refugiados e migrantes que chegam pelo mar.
Os ministros estão buscando um acordo sobre um programa, há muito tempo paralisado, para dividir entre os países do bloco os requerentes de asilo que chegam à Europa de forma ilegal.
Os diplomatas esperavam que a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, levasse um acordo de coalizão a Bruxelas para permitir que Berlim apoiasse o chamado "mecanismo de crise" para a distribuição de pessoas, evitando sobrecarregar a Itália e outros países de entrada.
Faeser disse, ao chegar para conversar com seus colegas, que esperava um resultado positivo. Seus comentários foram compartilhados pelo ministro do Interior da Espanha e presidente da reunião, Fernando Grande Marlaska.
"Espero que, no final do dia, possamos lhes dar boas notícias a esse respeito", disse ele a jornalistas.
Na quarta-feira, a Alemanha anunciou novos controles de fronteira dentro do que normalmente é a zona de livre circulação da Europa, em um esforço para combater o tráfico humano.
"Obviamente, ninguém está satisfeito com os novos controles nas fronteiras internas", disse um diplomata sênior da União Europeia, acrescentando que um acordo sobre o "mecanismo de crise" reforçará o sistema de migração, que está em dificuldades, e reduzirá a necessidade de tais medidas.
Especialistas em migração, entretanto, alertam sobre as dificuldades práticas na implementação de tais acordos, enquanto grupos de direitos humanos alertam para o fato de que leis anti-imigração cada vez mais rígidas violam os direitos humanos.
Os ministros também deverão discutir um possível acordo com o Egito para evitar que mais pessoas embarquem da costa sul do Mediterrâneo para a Europa.
Críticos afirmaram que um recente acordo desse tipo com a Tunísia não respeita os direitos humanos, mas outros possíveis acordos estão sendo discutidos, uma vez que a Itália está alarmada com o fato de as chegadas a Lampedusa superarem as de 2022, quando a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, venceu as eleições nacionais com uma chapa anti-imigração.
Os dados italianos mostram mais de 133 mil chegadas pelo mar até o momento em 2023, em comparação com quase 181.500 no ano recorde do país, 2016. Dados separados da ONU mostram pouco mais de 191 mil chegadas irregulares este ano à União Europeia, um bloco de 45 milhões de pessoas.
Com a Polônia e a Hungria liderando aqueles que se opõem firmemente a receber solicitantes de asilo do Oriente Médio ou da África, não houve votos suficientes para o "mecanismo de crise" proposto quando os 27 países-membros buscaram um acordo pela última vez. Isso poderá mudar se a Alemanha votar a favor nesta quinta-feira.
"Estamos mais próximos do que nunca", disse o Comissário Margaritis Schinas nas conversações ministeriais.
(Reportagem adicional de Alvise Armellini e Emma Pinedo Gonzalez)