Por Aditya Kalra e Zeba Siddiqui
NOVA DÉLHI/MUMBAI (Reuters) - A batalha da Índia contra a Aids está sendo ameaçada por um corte nos gastos sociais do governo do primeiro-ministro Narendra Modi, resultando na demissão de agentes de saúde e na redução de programas de prevenção do alastramento da doença.
Com cerca de 2,1 milhão de infectados pelo vírus HIV em 2013, a Índia tem o maior número de casos da região Ásia-Pacífico, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mas as novas infecções caíram mais de 20 por cento ao longo dos últimos 14 anos.
Apesar do progresso, a Índia contabilizou a maioria das estimadas 340 mil novas infecções na região no ano passado, e qualquer corte nos programas de prevenção cria o risco de aumento nestas taxas, dizem especialistas.
O programa anti-Aids do governo vem sofrendo problemas há mais de um ano, com atrasos causados pela burocracia e um colapso de financiamento cujo resultado é a escassez de camisinhas e remédios.
Em fevereiro, Modi reduziu o orçamento 2015-16 para o combate à Aids em 22 por cento e pediu aos Estados que cubram a diferença. Estes têm reagido com lentidão, e para piorar o quadro atrasaram o desembolso dos valores agora reduzidos que têm recebido.
Sem pagar funcionários há meses, a Organização Nacional de Controle da Aids (Naco, na sigla em inglês) está alertando sobre os estragos nos programas.
"Tem havido não só uma perda de moral, mas também atritos", escreveu Navreet Singh Kang, principal dirigente da Naco, em uma carta obtida pela Reuters que ele enviou a todos os Estados no dia 13 de maio. "A perda de funcionários treinados seria um golpe duro para o devido funcionamento do programa... é realmente necessário manter o foco, a cobertura e a intensidade".