HAVANA (Reuters) - Cuba disse a autoridades de alto escalão dos Estados Unidos, durante conversas sobre migração realizadas em Havana na segunda-feira, que a decisão norte-americana de suspender a emissão de vistos em sua embaixada na ilha está "prejudicando seriamente" relações familiares e outros tipos de contatos.
As relações entre os ex-inimigos da Guerra Fria se tensionaram depois que Donald Trump se tornou presidente dos EUA e reverteu em parte a reaproximação vista durante o governo de seu antecessor, Barack Obama.
Em setembro, depois de alegações de incidentes que afetaram a saúde de seus diplomatas em Havana, Washington deixou uma equipe mínima em sua embaixada, o que resultou na suspensão de quase todo o processamento de vistos.
"A delegação cubana expressou grande preocupação com o impacto negativo que as decisões unilaterais, infundadas e politicamente motivadas adotadas pelo governo dos EUA... têm nas relações migratórias entre os dois países", disse o Ministério das Relações Exteriores de Cuba em um comunicado.
O comunicado foi emitido depois que delegações lideradas pela diretora de Assuntos dos EUA da chancelaria cubana, Josefina Vidal, e o vice-secretário de Estado assistente norte-americano para o hemisfério ocidental, John Creamer, se reuniram para debater questões de migração.
Muitos cubanos disseram terem ficado desolados por não poderem visitar ou estar com seus entes queridos. Embora Cuba tenha uma população de 11,2 milhões de habitantes, existem estimados 2 milhões de cubano-norte-americanos nos EUA.
O governo Trump também emitiu um veto a viagens para o país vizinho, e em outubro expulsou 15 diplomatas cubanos de Washington.
A chancelaria cubana disse que isso "afetou seriamente o funcionamento da missão diplomática, particularmente o consulado e os serviços que oferece a cubanos morando nos Estados Unidos".
A decisão norte-americana de cancelar as visitas de delegações oficiais a Cuba também está tendo um "efeito contraproducente" na cooperação em áreas como a migração, afirmou a pasta.
Do lado positivo, durante as conversas as delegações dos dois países comentaram a redução da imigração cubana ilegal rumo aos EUA em resultado de medidas anteriores que visaram a normalização das relações.
Obama, que anunciou a distensão com Cuba quase três anos atrás, eliminou uma política que concedia residência automática a virtualmente todos os cubanos que chegassem ao solo de seu país em janeiro, pouco antes de deixar o cargo.