Por Daniel Trotta
HAVANA (Reuters) - Cuba e os Estados Unidos se reúnem nesta segunda-feira para conversar sobre o reatamento dos laços diplomáticos, almejando novos progressos rumo a um acordo e, ao mesmo tempo, tentando evitar que suas diferenças em relação à Venezuela impeçam a reaproximação histórica.
A secretária de Estado assistente dos EUA Roberta Jacobson deve ser encontrar em Havana com Josefina Vidal, chefe de assuntos dos EUA do Ministério das Relações Exteriores cubano, e é possível que o diálogo se estenda até a quarta-feira.
Jacobson e Vidal desfilaram suas respectivas delegações com grande pompa na capital cubana em janeiro e em Washington em fevereiro, mas a nova sessão irá acontecer com equipes menores e, pelo menos até agora, sem o acompanhamento da mídia.
Os Estados Unidos cortaram os vínculos diplomáticos com Cuba em 1961, e as relações continuaram hostis mesmo após o final da Segunda Guerra Mundial.
Mas o presidente norte-americano, Barack Obama, reverteu a política de isolamento de Cuba, envolvendo o país em 18 meses de conversas secretas que culminaram com o anúncio conjunto com o presidente cubano, Raúl Castro, em 17 de dezembro, segundo o qual os dois adversários buscariam reatar as relações diplomáticas e ainda iniciar uma troca de prisioneiros.
No dia 2 de março, Obama declarou à Reuters ter a expectativa de que os EUA abram uma embaixada em Cuba antes da Cúpula das Américas, no Panamá, entre os dias 10 e 11 de abril, quando ele e Raúl podem ter seu primeiro encontro face a face desde que trocaram um aperto de mãos no enterro de Nelson Mandela em dezembro de 2013.
Antes de concordar em reatar os laços, Cuba quer ser retirada de uma lista do Departamento de Estado norte-americano de patrocinadores estatais do terrorismo e encontrar um banco disposto a lidar com as transações de seus postos diplomáticos nos Estados Unidos.
Por sua parte, os EUA desejam aumentar o número de funcionários de sua missão em Havana e ter permissão de viagens irrestritas para seus diplomatas na ilha.
Os dois lados ralataram avanços nestes temas depois das duas primeiras rodadas de conversas. No dia 9 de março, os EUA declararam a Venezuela, aliada mais próxima de Cuba, uma ameaça à sua segurança nacional e aplicaram sanções contra sete autoridades do país.
Autoridades norte-americanas disseram que a questão venezuelana não deve afetar as conversas com Havana, mas o ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodríguez, afirmou que qualquer ataque à Venezuela também é um ataque a Cuba, dizendo que Washington "provocou sérios danos à atmosfera no hemisfério na véspera da Cúpula das Américas".
"Espero que o governo dos EUA entenda que não pode tratar Cuba com uma cenoura (referência à ‘política da vara e da cenoura') e a Venezuela com um garrote", disse Rodríguez no sábado, durante visita à Venezuela.