Por Marc Frank
HAVANA (Reuters) - Cuba anunciou na terça-feira que algumas cooperativas que oferecem alimentação e outros serviços poderão comprar suprimentos diretamente de produtores do governo e atacadistas pela primeira vez, como parte de um programa amplo de reforma de mercado, mas até agora implementado com cautela.
Com as novas regras, algumas antigas empresas estatais que se tornaram cooperativas na ilha comunista não terão mais que pagar mais caro comprando de varejistas.
A primeira-vice-ministra de Comércio Interno, Odalys Escandell, disse no programa de notícias vespertino do governo que a ação é “transcendental”, mas as medidas não cumprem uma promessa anterior de permitir que restaurantes particulares façam o mesmo, mantendo em vigor um obstáculo que afeta diretamente a viabilidade de seu negócio.
As regras, que entram em vigor no dia 2 de maio, vieram à tona só quatro dias antes do congresso do Partido Comunista, no qual se espera que ocorra uma revisão das reformas voltadas ao mercado que foram iniciadas cinco anos atrás.
O anúncio das medidas informou que os atacadistas que negociarão com as cooperativas serão determinados gradualmente. Com o correr do tempo, uma série de produtos serão disponibilizados a elas por preços menores, além de uma redução de impostos, em troca do estabelecimento de controles de preços no varejo.
"Por que estamos estabelecendo preços máximos? Porque é um sistema para proteger o consumidor", explicou Odalys.
Recentemente Cuba voltou atrás na experiência de encerrar o controle estatal sobre a distribuição de produtos de horticultura depois que os preços dos alimentos dispararam muito acima dos valores até então subsidiados.
Cuba cedeu aos trabalhadores milhares de pequenos estabelecimentos estatais, de cafeterias, barbearias e lanchonetes a chaveiros e quiosques de engraxates. Os trabalhadores alugam as instalações e competem com empresas privadas em um mercado aberto.
O governo também ordenou a criação de um projeto piloto mediante o qual cerca de 500 estabelecimentos estatais de maior porte, de salões de beleza a restaurantes, se tornaram cooperativas, e milhares mais devem seguir o mesmo caminho.
Dois anos atrás, ao anunciar os planos de transformar negócios estatais em cooperativas, o ministro da Economia, Marino Murillo, deixou claro que elas terão preferência em relação às empresas privadas.
"São uma forma mais social de produção", afirmou na ocasião.