Por Humeyra Pamuk e Tom Perry
MURSITPINAR Turquia/BEIRUTE (Reuters) - Os Estados Unidos e seus aliados intensificaram dramaticamente seus ataques aéreos nos últimos dois dias perto da cidade síria de Kobani, onde defensores curdos disseram ter dado coordenadas de alvos aos norte-americanos para tentar deter um ataque do Estado Islâmico.
A coalizão liderada pelos EUA declarou ter bombardeado posições dos militantes dentro e nos arredores de Kobani quase 40 vezes no espaço de 48 horas, aproximadamente o triplo do ritmo da semana passada.
Um cerco de quatro semanas à cidade de maioria curda na fronteira com a Turquia se tornou o foco do esforço da coalizão para frear o grupo radical, que ocupou vastas porções da Síria e do Iraque. A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou para um massacre caso a cidade caia nas mãos dos militantes, que agora controlam quase metade da localidade.
A coalizão vem bombardeando alvos do Estado Islâmico no Iraque desde agosto e ampliou a campanha para a Síria em setembro. Depois de semanas durante as quais mal foi atingida, Kobani se tornou o cerne dos ataques.
O Pentágono se recusou a confirmar qualquer coordenação com as Unidades de Proteção Popular (YPG), o principal grupo armado curdo. "Simplesmente não tenho quaisquer detalhes para anunciar com respeito à coordenação no local", declarou o contra-almirante John Kirby, secretário de imprensa do Pentágono, aos repórteres quando indagado sobre o relato.
Kirby disse que a situação em Kobani é instável, mas que o Pentágono acredita que os combatentes curdos ainda se mantêm no comando da cidade.
Nos dois dias transcorridos desde segunda-feira, os militares norte-americanos relataram 21 e 18 ataques a alvos dos militantes na cidade ou em suas cercanias. Na semana passada, a média era de somente seis ou sete ataques por dia.
Um grupo de monitoramento afirmou que as incursões também se tornaram mais eficazes, matando pelo menos 32 combatentes do Estado Islâmico em ataques diretos nesta semana.
Autoridades curdas afirmaram que o YPG começou a fornecer as coordenadas de posições da facção radical sunita à aliança encabeçada pelos Estados Unidos.
"O alto escalão do YPG informa a coalizão sobre a localização de alvos do Estado Islâmico e eles atacam de acordo", declarou o porta-voz do YPG, Polat Can, à Reuters.
"Alguns (dos militantes) recuaram, mas eles se reagrupam e voltam. Mas como os ataques aéreos estão funcionando de forma coordenada, acertam bem os alvos", disse.
John Allen, enviado especial dos EUA a cargo de formar uma coalizão internacional contra o Estado Islâmico, deu a entender que Washington está aberto a receber informações sobre alvos de todas as fontes, mas não foi indagado nem esclareceu se os sírios curdos estão fornecendo tais dados à aliança.
(Reportagem adicional de Ayla Jean Yackley, Phillip Stewart e Arshad Mohammed)