Por Mark Hosenball e David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - A menos de três semanas de assumirem o controle da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, os democratas estão competindo para comandar investigações simultâneas sobre o presidente Donald Trump, numa disputa que pode causar dores de cabeça para Nancy Pelosi, que deve ser a próxima presidente da Câmara.
As investigações serão conduzidas por seis diferentes comissões da câmara, com algumas caindo sob a possível jurisdição de duas ou mais, disseram fontes democratas no Congresso.
As principais áreas de investigação incluem declaração fiscal e propriedades empresariais de Trump, qualquer conluio entre a sua campanha e a interferência russa nas eleições de 2016, qualquer violação da cláusula constitucional que proíbe o presidente de aceitar presentes de outros governos estrangeiros sem o consentimento do Congresso, e alegação de que ele descumpriu as regras financeiras de campanha com pagamento em dinheiro para duas mulheres que dizem ter mantido relações sexuais com ele.
Os democratas estão ávidos para começar a investigar, mas eles podem ter problemas se fizerem as coisas muito rapidamente e se forem vistos como se estivessem negligenciando legislações sobre temas chaves, ou se eles entrarem em confronto sobre quem comanda as investigações.
Fontes democratas que acompanharam semanas de conversas entre os parlamentares que vão liderar as comissões da Câmara afirmaram que um tema chave tem sido como prevenir a sobreposição entre dezenas de possíveis investigações.
A maior parte dos papéis investigativos já foi acordada, mas há ainda alguma disputa, especialmente dos integrantes de menor expressão das comissões, que também querem ter algum envolvimento.
"Haverá competição, mas também terá de haver algum controle”, disse à Reuters o deputado Elijah Cummings, que é cotado para ser o presidente da Comissão de Fiscalização.
“Uma coisa que prometemos fazer é não passar por cima do outro. Podemos não estar de acordo mas não vamos ser desagradáveis”, afirmou.
Nancy Pelosi, que provavelmente será eleita presidente da Câmara em janeiro, terá um papel central na decisão sobre quais comissões assumem investigações e como o trabalho será coordenado.
Pelosi disse na semana passada que obter a declaração de impostos de Trump será uma prioridade.
"Há uma demanda popular para o Congresso requisitar a declaração de impostos do presidente”, acrescentando que “os primeiros passos” serão tomados pela comissão que cuida de temas fiscais, a única autorizada para pedir os documentos ao Tesouro.
Alguns democratas estão preocupados, contudo, que um esforço agressivo logo cedo em relação aos impostos de Trump poderia ser arriscado, pois os aliados do presidente provavelmente alegariam que ele estaria sendo perseguido.
Para evitar isso, os democratas debatem uma abordagem distinta: investigar outras companhias e indivíduos envolvidos em propriedades polêmicas de Trump e combinar isso com dados de transações disponíveis para justificar a requisição da declaração de Trump.