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Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta nesta quinta-feira, com investidores tomando como argumento o cenário externo mais arisco para recomprar a moeda norte-americana depois de a cotação tocar mínimas em mais de quatro meses.
O mercado analisou ainda a sinalização do Banco Central emitida na véspera sobre reduzir a velocidade de alta dos juros, o que poderia levar o ciclo de aperto a terminar em patamar mais baixo que o previsto por parte dos analistas --o que, dessa forma, reduziria o retorno potencial oferecido pela divisa brasileira.
A taxa de juros embutida em contratos a termo de taxa de câmbio dólar/real com vencimento em um ano caiu a 11,49% ao ano nesta quinta. Ainda que seja um patamar bastante mais elevado que a maioria dos pares emergentes, está abaixo da máxima recente de quase 11,9%. A volatilidade implícita em opções de real de um ano estava em 17,08%, a uma distância da mínima de meados de janeiro, quando ficou aquém de 16%, indicando aumento de percepção de risco em relação ao real.
O dólar à vista subiu 0,41%, a 5,2977 reais. Assim, a moeda se manteve abaixo da resistência psicológica dos 5,30 reais, acima da qual mais ordens de compra poderiam ser acionadas. A forte queda nas bolsas de valores em Nova York tirou apetite do mercado por risco.
O real se juntou à lista de perdas que incluiu peso mexicano, lira turca, peso colombiano e rublo russo, entre outras moedas --todas se valorizaram nas últimas semanas. Os fluxos nesta quinta se direcionaram para as moedas europeias, com euro e libra em alta após as sinalizações de política monetária no bloco monetário e no Reino Unido.
Na véspera, foi o Bacen que concentrou as atenções no Brasil, surpreendendo parte do mercado ao telegrafar uma redução no ritmo de altas da Selic em março.
No curto prazo, altas adicionais maiores ou menores na Selic tendem a ter menor relevância em termos de cenário para a taxa de câmbio, avaliou o economista-chefe da Santander (SA:SANB11) Asset, Eduardo Jarra.
A Santander Asset espera que o dólar feche 2022 em 5,60 reais. Como destacou Jarra, é basicamente o patamar de encerramento de 2021, com o real terminando o ano com variação pequena, mas vulnerável nesse ínterim a um vaivém orientado pelas incertezas globais --com destaque para a política monetária norte-americana-- e pela baixa visibilidade num âmbito interno marcado pelas eleições e seus potenciais desdobramentos para o campo fiscal.
Mas uma postura do BC contra a inflação poderia abrir espaço para que um esperado ajuste no desalinhamento da taxa de câmbio ocorresse via taxa nominal, o que significaria queda do dólar.
"Se as coisas aqui ficarem menos conturbadas, ambiente político mais calmo, e o novo governo mantiver a racionalidade em termos de política econômica, então o câmbio de equilíbrio vai ficar abaixo de 5 reais", disse Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo da FGV (FGV-EESP).
Em relatório global sobre estratégias de investimento, o UBS BB (SA:BBAS3), contudo, demonstrou ainda alguma cautela com o câmbio.
"Recomendamos que as classes globais de ativos não sejam protegidas pela moeda, pois a exposição à divisa estrangeira aumenta a diversificação e protege o investidor contra um enfraquecimento do real brasileiro", disseram Ronaldo Patah e Alejo Czerwonko no documento.
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