SÃO PAULO (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff (PT) saiu em defesa de sua campanha nesta quarta-feira e disse que Aécio Neves (PSDB), adversário da petista no segundo turno da eleição presidencial, não está acostumado a ser criticado por ter sido blindado durante o seu mandato no governo de Minas Gerais.
Dilma, que aproveitou o Dia dos Professores para saudar a categoria, também reiterou os dados negativos sobre o governo de Minas, comandado por Aécio por dois mandatos, ditos no debate da véspera na TV Bandeirantes e questionados pelo adversário.
"Eu posso receber todas as criticas, durante muito tempo, escutar barbaridades e ter que achar que isso faz parte da democracia... O candidato, de fato, não está acostumado a ouvir críticas, como vocês mesmo divulgam, que ele foi blindado no governo dele em Minas", disse a presidente em referência a denúncias de que Aécio controlaria a imprensa mineira quando governador.
"Os números que demos (no debate) são verdadeiros... Falar que tudo é mentira é uma forma de se furtar ao debate", disparou.
Ela voltou a dizer que, quando governador, Aécio não cumpriu os investimentos mínimos em saúde e educação previstos pela Constituição, reiterou que os indicadores de criminalidade do Estado pioraram no governo tucano e voltou a falar das denúncias de irregularidades na construção de um aeroporto na cidade de Claudio, que teria beneficiado sua família.
"Todos os dados que eu falei são comprovados. O dado deles não terem cumprido o mínimo obrigatório por lei para educação e saúde está no site do Tribunal de Contas do Estado e eles foram obrigados a assinar um termo de ajustamento de gestão que eles deviam 8 bilhões de reais, em saúde era 5,7 bilhões", disse Dilma.
"As informações relativas ao aeroporto de Cláudio, não inventei, isso está nos jornais e a questão relativa ao crescimento da taxa de homicídios... está no Mapa da Violência", comentou.
No debate de terça, Aécio acusou Dilma de mentir por várias vezes. Ele chegou a chamar a presidente de leviana quando ela o questionou sobre denúncias de irregularidades na construção do aeroporto em Claudio.
Nesta quarta, a campanha tucana divulgou nota de esclarecimento do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais em que o órgão afirma que as contas do período que Aécio comandou o governo local, entre 2003 e 2010, foram aprovadas por unanimidade e que o governo cumpriu os mínimos constitucionais para saúde e educação no período.
Em outra nota divulgada no site do TCE, mas não pela campanha tucana, o tribunal mineiro informa também que, por conta de uma alteração na lei que determina o que pode ser considerado gasto em saúde, foi feito um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) para as contas de 2012, quando o governador era Antonio Anastasia (PSDB), afilhado político de Aécio que o sucedeu no governo mineiro.
EMPREGO E PROFESSORES
Além das críticas ao seu adversário, Dilma comemorou a geração de 123.785 empregos em setembro, apesar de os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta quarta-feira representarem o pior mês de setembro em 13 anos.
"Gerar isso em uma das maiores crises do mundo e que volta a apertar, mostra como a nossa situação é diferenciada. A Alemanha, a maior economia da União Europeia, sofrendo recessão, perda de empregos", disse Dilma.
A presidente destacou uma reunião de abril passado do G20 que apontou a existência de 100 milhões de desempregados nas principais economias do mundo.
"Conseguimos, desde 2008 até agora, chegamos a 12 milhões de empregos, só contando o meu governo chegamos a 5,784 milhões de empregos formais."
A candidata cumprimentou os professores pelo seu dia e voltou a falar das realizações de seu governo na educação, como a aprovação de uma lei que destina os royalties da exploração do petróleo na camada pré-sal para a educação.
"O Brasil tem que valorizar mais os professores. A minha proposta de governo coloca a educação no centro de tudo para garantir que a desigualdade social diminua", disse.
"Hoje no Brasil faltam professores e temos que mudar essa realidade. Demos um passo imenso com a lei que destina 75 por cento dos royalties do petróleo e 50 por cento do fundo social para educação, transformando uma riqueza finita numa riqueza permanente", acrescentou.
(Reportagem de Vinicius Cherobino)