SÃO PAULO (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, afirmou neste domingo que "é compreensível" a decisão de Marina Silva (PSB), que ficou em terceiro lugar na disputa presidencial, de apoiar o candidato Aécio Neves (PSDB) na segunda rodada da eleição, uma vez que há similaridades nos programas econômicos de ambos.
"A opção (de Marina) é compreensível. A proximidade que ela tem é com o programa econômico do Aécio e tem menos proximidade com o meu e do presidente Lula", disse Dilma que participou de um evento como candidata pelo Dia da Criança, em Guianases, no leste da capital paulista.
Marina anunciou neste domingo seu apoio ao candidato tucano, que disputa com Dilma o segundo turno, no dia 26.
"Não acredito que exista transferência automática de votos, porque acredito na democracia... o voto é de cada pessoa que vai na urna e registra o voto", disse Dilma.
Na votação do primeiro turno, Marina ficou com 21,3 por cento dos votos válidos, pouco mais de 22,1 milhões de votos. A presidente Dilma obteve 41,6 por cento, ou quase 43,3 milhões, enquanto Aécio teve 33,6 por cento, o equivalente a 34,9 milhões.
Ao ser perguntada se a articulação da campanha petista falhou, uma vez que não conseguiu o apoio da candidata do PSB derrotada no primeiro turno, Dilma disse que não.
"Não falhamos, tínhamos outro alinhamento. Eles concordaram com o Banco Central independente, nós não", disse Dilma a jornalistas. "Querem diminuir a participação dos bancos públicos, nós não. Isso, aliás, acabaria ou iria reduzir muito o (programa) Minha Casa, Minha Vida", disse a petista, reiterando as críticas que fez à candidatura de Marina no primeiro turno.
"Quem está do outro lado representa um outro projeto, uma visão da economia que quando esteve no poder quebrou o país três vezes, tinha inflação de 11,5 por cento e desemprego de 12,5 por cento. Um projeto que nos condenou a um ano de racionamento", acrescentou, referindo aos dois mandatos tucanos na Presidência da República.
Dilma aproveitou para criticar o contra-argumento do PSDB que defende os números ruins devido ao cenário macroeconômico internacional desfavorável.
"As crises que eles enfrentaram foram na chamada periferia, da Rússia, do México e dos países asiáticos. A crise que estamos enfrentando é muito mais profunda, reconhecidamente a maior crise desde 1929", disse Dilma.
"Como nós enfrentamos isso? Com desemprego de 5 por cento, garantindo que a inflação fique no patamar de 6,5 por cento... Garantindo que o Brasil não quebre."
PETROBRAS: "INVESTIGAÇÃO AMPLA E IRRESTRITA"
Questionada sobre o depoimento à Justiça do ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, em que falou de um suposto esquema de desvio de dinheiro na estatal para o PT e outros partidos da base aliada, Dilma reiterou que considera estranha a divulgação do depoimento em meio ao processo eleitoral.
"É estranha (a divulgação). Por que só divulgam um pedaço, em audiência pública no meio da campanha? Sou a favor da divulgação ampla, geral e irrestrita", reiterou Dilma.
"Sou a favor de apurar tudo a fundo e punir todos os culpados, mas precisamos fazer isso com provas. É um direito constitucional... Vou apurar com absoluto rigor", acrescentou.
(Por Vinícius Cherobino)