Por Eduardo Simões
OSASCO (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) fizeram nesta quinta-feira, nos estúdios do SBT, o debate mais agressivo da campanha com ataques generalizados de ambos os lados, deixando as propostas de governo em segundo plano.
No confronto, Dilma lembrou, por exemplo, o episódio em que o tucano foi parado em uma blitz da Lei Seca e se recusou a fazer o teste do bafômetro, e Aécio afirmou que um irmão da presidente foi nomeado para trabalhar na prefeitura de Belo Horizonte durante um governo do PT e não ia ao trabalho.
Os candidatos se acusaram mutuamente de mentir e, ao final do debate, Dilma chegou a se sentir mal e teve uma queda de pressão em um dia de forte calor em Osasco, na Grande São Paulo, onde ocorreu o debate. Ela se recuperou rapidamente.
A presidente acusou o PSDB de "ocultações" de provas, que teriam impedido que o PT, ao chegar ao governo federal, investigasse denúncias de irregularidades envolvendo os tucanos.
"Foram as provas que vocês levaram e as ocultações que vocês fizeram que impedem uma investigação maior", disse Dilma, ao responder Aécio, que havia questionado a razão de os governos petistas não terem investigados denúncias contra o governo anterior, emendando que ou não havia provas ou a presidente "prevaricou".
Dilma lembrou indiretamente o episódio em que Aécio foi parado por uma blitz da Lei Seca no Rio de Janeiro e se negou a fazer o teste do bafômetro, alegando que estava com a carteira de habilitação vencida.
"Não é possível que a senhora queira vir aqui fazer a mais baixa das campanhas eleitorais até aqui", disparou o tucano, que cobrou que a presidente tivesse "coragem" de fazer a pergunta diretamente. Ele reconheceu que errou no episódio em que foi parado, negou que estivesse embriagado e se disse arrependido de não ter feito o teste.
NEPOTISMO E INFLAÇÃO
Assim como no debate da TV Bandeirantes, Dilma voltou a acusar o adversário de nepotismo quando governou Minas.
Ao contrário do confronto anterior, quando não respondeu diretamente à presidente, dessa vez Aécio afirmou que Igor Rousseff, irmão da petista, foi nomeado por um cargo na prefeitura de Belo Horizonte, na gestão do petista Fernando Pimentel, e recebeu sem trabalhar.
"A diferença entre nós é que a minha irmã trabalha muito e não recebe nada, o seu irmão recebe e não trabalha nada", disparou Aécio, afirmando que sua irmã, Andrea Neves, o ajudou na área de comunicação do governo de Minas de forma voluntária.
Em um dos poucos momentos em que os dois adversários no segundo turno não trataram de acusações, Dilma criticou a proposta de Aécio de reduzir a meta de inflação, atualmente em 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos, para 3 por cento ao ano.
"Vocês falam que querem fazer a inflação convergir para 3 por cento. É importante para a dona de casa que está nos escutando, vou falar para ela. O que acontecerá se a inflação for para 3 por cento? Nós vamos ter uma taxa de desemprego de 15 (por cento)", afirmou a presidente.
MINAS GERAIS
O Estado natal dos dois presidenciáveis voltou a ser tema do debate entre Dilma e Aécio, com críticas da presidente aos dois mandatos que o tucano governou o Estado e com o candidato do PSDB acusando a petista de desrespeitar os mineiros.
"Pare de ofender Minas Gerais, candidata", disparou Aécio ao responder as acusações de nepotismo da presidente. O tucano chegou a ironizar a rival afirmando que, "desempregada" a partir de janeiro ela poderia se interessar em se candidatar ao governo de Minas.
A presidente rebateu evocando a juventude dos dois.
"Não coloque Minas Gerais como sendo sua... Se eu saí de Minas não foi para passear no Rio de Janeiro, foi porque eu fui perseguida... Minas não se confunde com o senhor."
Dilma voltou a afirmar que os governos tucanos "engavetavam" denúncias, ao que Aécio respondeu pedindo que a presidente não o medisse "com a sua régua".
O tucano também voltou a dizer que, no segundo turno da campanha, parecem haver dois candidatos de oposição e acusou Dilma de não ter feito em quatro anos o que vem propondo para um eventual segundo mandato.