BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva irão juntos na próxima semana a Pernambuco, Estado que já foi amplamente simpático ao PT, mas que após a morte de Eduardo Campos (PSB) virou o único no Nordeste a não dar vitória à petista no primeiro turno.
A decisão da família Campos de apoiar Aécio Neves (PSDB) é incompreensível para Dilma e Lula. Eles não entendem porque passaram de amigos pessoais para a classe dos piores adversários políticos. No fim de semana, a viúva Renata e familiares declararam apoio ao adversário da petista na eleição.
Uma fonte da campanha petista disse à Reuters, sob condição de anonimato, que a presidente mantinha laços de amizade pessoal com Renata, mas que durante a disputa eleitoral e, principalmente, após a morte do ex-aliado político eles se desfizeram, surpreendendo Dilma.
A viagem de Dilma e Lula a Pernambuco, Estado onde o ex-presidente nasceu, está prevista para terça-feira, quando devem ocorrer atividades em Recife e outra cidade ainda a ser definida. Segundo a fonte, a viagem foi cercada de cuidados e receio, porque o clima com a família Campos é muito ruim.
"O Lula ligou duas vezes para a Renata depois do primeiro turno e não sentiu um clima favorável", disse a fonte.
Em Recife, surgiram até movimentos como "O PT matou Eduardo". Campos, que foi aliado do PT e ministro no governo Lula, decidiu no ano passado deixar a base governista e investir em uma candidatura ao Palácio do Planalto.
É nesse ambiente hostil que Dilma e Lula vão ao Estado para conquistar parte dos 2,3 milhões de eleitores da terceira colocada no primeiro turno, Marina Silva, que assumiu a cabeça de chapa do PSB no lugar de Campos após sua morte.
No segundo turno, Renata articulou junto com os socialistas de Pernambuco a posição formal do PSB a favor do candidato tucano, que depois o recebeu em Recife. Aécio e Eduardo também eram amigos pessoais. Mas Lula tratava Campos como seu filho na política.
SUDESTE
Além da agenda em Pernambuco, Dilma deve priorizar nos próximos dias a conquista do eleitorado do Sudeste.
Primeiro, porém, ela cumpre agendas no Paraná e em Santa Catarina, na sexta-feira, onde deve participar de um comício com o governador reeleito Raimundo Colombo (PSD).
No sábado, Dilma fará atos políticos no Rio de Janeiro. Uma agenda com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que disputa o segundo turno, e outra com seu adversário, o senador Marcelo Crivella (PRB).
Os dois candidatos apoiam oficialmente a candidatura da petista. No partido de Pezão, no entanto, dissidentes do PMDB fundaram o movimento Aezão, de apoio ao tucano.
No domingo, a presidente deve permanecer em São Paulo, onde participa à noite do debate da TV Record. No dia seguinte, Dilma cumpre agenda política em São Paulo, local onda está concentrada a maior rejeição ao PT e ao seu governo.
A petista deve encerrar a campanha com um comício no Rio de Janeiro, no dia 22 ou 23. A campanha ainda está definindo a data, mas a previsão é que os candidatos ao governo fluminense não vão participar do ato.
(Reportagem de Jeferson Ribeiro)