Por Patricia Zengerle
WASHINGTON (Reuters) - Um experiente diplomata norte-americano que atuou como enviado especial do presidente Donald Trump na Ucrânia contará sua versão da história aos membros de um comitê parlamentar, nesta quinta-feira, como parte do inquérito de impeachment do presidente em tramitação no Câmara dos Deputados dos EUA.
Kurt Volker renunciou ao cargo de representante especial nas negociações com a Ucrânia na sexta-feira, um dia após a divulgação pública de uma denúncia de um delator segundo a qual ele estava tentando "conter os danos" dos esforços do advogado de Trump, Rudy Giuliani, para induzir a Ucrânia a investigar democratas.
A reunião de Volker com o comitê acontece após um dia dramático no inquérito de impeachment, em que Trump discutiu com jornalistas em uma coletiva de imprensa, recorreu a um impropério no Twitter e rotulou a investigação como "uma farsa e uma fraude", ao mesmo tempo em que prometeu cooperar.
Mais cedo na quarta-feira, parlamentares democratas, de oposição, disseram estar prontos para exigir registros da Casa Branca sobre a conversa telefônica de 25 de julho de Trump, um republicano, com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy.
As acusações de que Trump pressionou Zelenskiy durante o telefonema para que ele investigasse o ex-vice-presidente Joe Biden, que lidera a corrida democrata para concorrer à Presidência na eleição do ano que vem, ajudaram a convencer a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, a anunciar uma investigação formal de impeachment na semana passada.
Nesta quinta-feira, membros dos Comitês de Relações Exteriores, Inteligência e Supervisão realizarão um interrogatório transcrito com Volker. O funcionário de 54 anos, que também foi embaixador dos EUA na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), deporá voluntariamente.
A reunião ocorrerá a portas fechadas e será o primeiro de uma série de eventos do inquérito, nenhum deles público, agendados para os próximos 10 dias.
Na noite de quarta-feira, o deputado Mike McCaul, o republicano mais graduado do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, criticou a sessão com Volker, dizendo que seus correligionários não estão recebendo o mesmo espaço ou a chance de questionar Volker no comitê.
Na sexta-feira, o inspetor-geral da comunidade de inteligência, Michael Atkinson, deporá em uma audiência do Comitê de Inteligência. Marie Yovanovitch, que era embaixadora dos EUA em Kiev até Trump chamá-la de volta em maio, antes do final de seu período oficial, se encontrará com membros do comitê no dia 11 de outubro.
Trump nega qualquer irregularidade, insistindo em classificar sua conversa com Zelenskiy como "perfeita".