Por Guy Faulconbridge
LONDRES (Reuters) - O Reino Unido sai da órbita da União Europeia nesta quinta-feira, virando as costas para uma ligação tempestuosa de 48 anos com o projeto europeu para embarcar num Brexit incerto que moldará o destino de sua população nas próximas gerações.
O Brexit, em essência, ocorre à meia-noite em Bruxelas, ou 23h de Londres (20h em Brasília), quando o Reino Unido deixa de fato a adesão que continuou depois de sair formalmente do bloco em 31 de janeiro.
Por cinco anos, as reviravoltas frenéticas da crise do Brexit dominaram os assuntos europeus, assombraram os mercados da libra esterlina e mancharam a reputação do Reino Unido como um pilar confiável da estabilidade econômica e política ocidental.
Apresentado pelos apoiadores como o alvorecer de um "Reino Unido global" recentemente independente, o Brexit tem enfraquecido os laços que unem Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte em uma economia de 3 trilhões de dólares.
"O Brexit não é um fim, mas um começo", disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de 56 anos, ao Parlamento poucas horas antes da aprovação do acordo comercial com a UE.
Johnson garantiu à Europa que o Reino Unido continuará sendo a "civilização europeia por excelência".
Mas o rosto da campanha do Brexit não detalhou sobre o que ele quer construir com a nova "independência" do Reino Unido - ou como fazê-la enquanto toma empréstimos recordes para pagar a crise gerada pela Covid-19.
No referendo de 23 de junho de 2016, 17,4 milhões de eleitores, ou 52%, apoiaram o Brexit, enquanto 16,1 milhões, ou 48%, defenderam a permanência no bloco. Poucos mudaram de ideia desde então. Inglaterra e País de Gales votaram para sair da UE, mas Escócia e Irlanda do Norte votaram para continuar.
O referendo mostrou que o Reino Unido está dividido sobre muito mais do que a União Europeia, e alimentou uma reflexão sobre tudo, desde secessão e imigração ao capitalismo, império e britanismo moderno.
Para os apoiadores, o Brexit é uma fuga de um projeto condenado dominado pela Alemanha que ficou muito para trás das principais potências mundiais, Estados Unidos e China.
Os oponentes dizem que o Brexit é uma loucura que vai enfraquecer o Ocidente, destruir o que resta da influência global do Reino Unido e minar sua economia.