Por Farah Nayeri
LONDRES (Reuters) - Sergei Filin, o diretor russo de balé que ficou parcialmente cego após ser atacado com ácido em 2013, é o foco do documentário "Bolshoi Babylon", do canal a cabo HBO, que mostra o outro lado de um mundo que a maioria das pessoas associa com glamour e beleza.
Na noite de 17 de janeiro de 2013, um agressor mascarado atirou ácido sulfúrico no rosto de Filin, então diretor artístico do Balé Bolshoi de Moscou, causando queimaduras graves e o deixando cego de um olho.
Em poucas semanas, o bailarino solista Pavel Dmitrichenko foi preso por ligação com o ataque, e mais tarde foi condenado a 6 anos de prisão por organizá-lo. Outro réu foi sentenciado a 10 anos de encarceramento.
Filin, ex-bailarino de destaque do Bolshoi, permaneceu no cargo até julho de 2015, quando seu contrato venceu.
Diferentemente de outros documentários sobre dança, "Bolshoi Babylon" não mostra nada além do lado nada glamouroso do balé: dor física, salários magros, carreiras de curta duração.
O filme também analisa as circunstâncias do ataque, apresentando os protagonistas um por um, incluindo Dmitrichenko, o homem condenado pelo crime.
Mas "Bolshoi Babylon" evita mostrar Filin como um mártir. Em vez disso, dá voz a bailarinos que o descrevem como preconceituoso e tirânico, e enfatiza o relacionamento tenso de Filin com o diretor-geral do Bolshoi, Vladimir Urin, indicado pelo Kremlin em setembro de 2013 para colocar ordem na casa.
Ele e Filin tinham opiniões diferentes sobre como administrar a companhia.
"Nós certamente não tomamos partido: não há mensagem no filme", afirmou o co-diretor e produtor Mark Franchetti.
"Mas quanto mais tempo passávamos dentro do prédio, mas percebíamos que Filin na verdade é uma figura bastante desagregadora e polêmica dentro de sua própria companhia."
Foram necessários meses para fazer com que Filin concordasse em falar diante das câmeras, mas foi quando ele deu "a entrevista mais reveladora e sincera que já havia dado".