Por Johan Ahlander e Gwladys Fouche e Julie Steenhuysen
GOTENBURGO, Suécia (Reuters) - Todos os oito vencedores dos prêmios Nobel de 2021, em medicina, química, física, e literatura foram homens, reacendendo um debate recorrente sobre diversidade na cobiçada premiação, principalmente nas categorias científicas.
Ardem Patapoutian e David Julius receberam o Prêmio Nobel de Medicina na segunda-feira. Giorgio Parisi, Syukuro Manabe e Klaus Hasselmann conquistaram o prêmio de Física por seu trabalho para decifrar o caos climático, enquanto Benjamin List e David MacMillan receberam a honraria de Química, por desenvolverem uma ferramenta para construir moléculas.
O romancista tanzaniano Abdulrazak Gurnah, de 72 anos, se tornou o segundo escritor negro na África sub-saariana a conquistar um Prêmio Nobel de Literatura. A última pessoa negra a conquistar o prêmio foi a escritora Toni Morrison em 1993.
"Abdulrazak Gurnah atende pelo menos um critério de um escritor de um círculo cultural não-tradicional --um não-europeu com uma bagagem colonial, mas ele não é uma mulher", disse Anne-Marie Morhed, presidente da Associação Sueca de Acadêmicas Femininas.
"Ainda faltam dois prêmios: o Nobel da Paz e o de Economia. O comitê (norueguês) do Nobel ainda tem a chance de homenagear uma mulher."
A líder de oposição bielorrussa exilada Sviatlana Tsikhanouskaya e a ativista Greta Thunberg são vistas como candidatas para o Prêmio Nobel da Paz.
O comitê norueguês do Nobel é liderado por uma mulher e a maioria das integrantes são mulheres, seguindo o comitê anterior: também liderado por uma mulher e com maioria de mulheres na composição.
Há uma pressão nos últimos anos para que o prêmio não vá apenas para homens brancos da América do Norte ou da Europa Ocidental, como era o caso nas décadas anteriores.
Em comparação às dezenas de negros recipientes do Prêmio Nobel da Paz na história, nunca houve um ganhador negro nos prêmios de medicina, química e física, aponta o professor Winston Morgan, toxicologista da Universidade de East London, que já estudou a representatividade nas premiações como parte de seu pesquisa sobre desigualdade na área das Ciências.
"Em termos de diferença entre a população mundial e os vencedores --a maior diferença é a de gênero", diz Morgan. "O número de vencedoras mulheres do prêmio é muito, muito pequeno."
Cientistas de ambos os gêneros foram às redes sociais para reclamar sobre a falta de reconhecimento às mulheres até agora no ano.
O GenderAvenger, uma organização sem fins lucrativos dedicada à promoção das vozes femininas no debate público, disse que os prêmios eram "como um mistério terrível, no qual você sabe o final já na metade do livro. Quatro das seis categorias anunciadas e nenhuma mulher em vista, @NobelPrize. A história do Prêmio Nobel é a de que os homens fizeram tudo? (Spoiler: As mulheres também estão fazendo trabalhos incríveis)."
(Reportagem de Johan Ahlandar na Suécia, Gwladys Fouche na Noruega, Julie Steenhuysen em Nova York)