Por Mahmoud Mourad
CAIRO (Reuters) - Um tribunal disciplinar egípcio obrigou que 41 juízes se aposentem compulsoriamente neste sábado por apoiarem a Irmandade Muçulmana, organização que atualmente é considerada ilegal, disseram fontes jurídicas. O governo implementou uma forte repressão contra oponentes islamitas e seculares desde que o chefe do Exército, Abdel Fattah al-Sisi, tirou do poder o presidente islâmico Mohamed Mursi em julho de 2013, após grandes protestos contra o seu governo. O Conselho Disciplinar chefiado pelo juiz Nabil Zaki não divulgou imediatamente um motivo para decisão, mas fontes judiciais afirmaram que 31 juízes estão entrando em aposentadoria compulsória por terem assinado uma carta que condenava a derrubada de Mursi. Outros dez foram removidos de seus postos por se juntarem ao grupo "Juízes Pelo Egito", apoiador da Irmandade mesmo antes da saída de Mursi, disseram as fontes. A lei egípcia proíbe a participação de juízes na política, mas críticos e grupos de defesa dos direitos humanos dizem que o tribunal disciplinar faz vista grossa para juízes que abertamente apoiam o governo de Sisi, eleito presidente no ano passado. O governo diz que o judiciário é independente e que nunca interfere em seu trabalho. "A decisão é chocante e é um massacre dos juízes", afirmou à Reuters Ahmed El-Khatib, um dos aposentados. Ele não comentou se apoiava ou não a Irmandade.
Os juízes ainda podem recorrer da decisão.
Separadamente, forças de segurança prenderam 63 líderes da Irmandade, que enfrentam acusações de ataque a delegacias de polícia e incitação da violência, disse neste sábado o Ministério do Interior em comunicado. Outros 13 partidários da Irmandade foram presos sob suspeita de possuir armas e munição, informou o ministério. O governo baniu a Irmandade Muçulmana e a classificou como grupo terrorista, e Sisi diz que ela é a uma ameaça à segurança nacional. O grupo afirma que está comprometido com o ativismo político pacífico. Centenas de soldados e policiais egípcios morreram devido a atividades de insurgentes depois da queda de Mursi. Os ataques estão concentrados no Sinai do Norte, centro de uma insurgência que tenta derrubar o governo. Mas vários ataques de menor escala no Cairo e em outras regiões danificaram os esforços do Egito para projetar uma imagem de estabilidade após quatro anos de turbulências, iniciadas com o levante em 2001 que depôs o então presidente Hosni Mubarak. Uma bomba caseira feriu quatro pessoas neste sábado do lado de fora de uma agência do banco HSBC na cidade de Alexandria, disseram fontes de segurança. (Reportagem adicional de Ahmed Tolba, no Cairo, e Haitham El-Sheikh, em Alexandria)