BOGOTÁ (Reuters) - O segundo maior grupo rebelde de esquerda da Colômbia, o Exército de Libertação Nacional (ELN), estaria disposto a declarar um cessar-fogo se negociações de paz para terminar com os 50 anos de guerra civil começarem, disse a organização num vídeo divulgado via Twitter nesta quarta-feira.
O grupo de 1.500 homens tem participado por meses de conversas secretas com o governo para estabelecer termos que pudessem levar a negociações formais. Se o diálogo prosseguir, os insurgentes poderiam interromper ataques contra alvos civis e do governo.
"O governo diz que deseja acabar com o conflito armado. Temos ajudado no diálogo para avaliar a disposição real do governo e se, ao final da análise, concluirmos que as armas não são mais necessárias, estaremos prontos para pensarmos sobre desistir delas", disse a ELN.
O governo já está em negociação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o maior grupo rebelde do país, para encerrar o conflito que começou em 1964.
A guerra com os dois grupos insurgentes marxistas e com paramilitares de direita já matou quase 250 mil pessoas nas últimas cinco décadas. Apesar dos sequestros serem agora relativamente raros, dutos de petróleo são atacados com regularidade.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, aposta o seu legado político no esforço de colocar um fim ao conflito.
Uma ofensiva militar apoiada pelos Estados Unidos e uma ampliação das atividades de inteligência ajudaram a partir de 2000 a empurrar os insurgentes para a floresta e as montanhas, interferindo nas redes de comunicação e tornando mais difíceis ataques de grande porte.
Enquanto Santos se recusa a interromper a ofensiva contra os dois grupos rebeldes até que o acordo de paz seja assinado, um possível cessar-fogo do ELN durante as negociações poderia mostrar o quão sério o grupo é em relação a encerrar a luta.
As Farc, semanas atrás, declararam um cessar-fogo enquanto as negociações estiverem ocorrendo.
"O governo Santos tem o dilema de persistir com a política de guerra e pacificação, ou ousar e tomar o caminho verdadeiro para a paz", disse o ELN sobre a recusa do governo em declarar um cessar-fogo.
O ELN é consideravelmente menor que as Farc, que têm 8 mil combatentes. Os dois grupos já foram rivais e lutaram entre si. Recentemente, eles estabeleceram alianças. Ambos são considerados terroristas pelos Estados Unidos e a União Europeia.
O ELN, liderado por Nicolás Rodríguez, quer mudar políticas do governo que, segundo o grupo, beneficiam os interesses externos de forma excessiva. As Farc defendem uma grande reforma agrária para ajudar os pobres.
O ELN já buscou a paz antes em negociações em Cuba e na Venezuela entre 2002 e 2007. Especialistas dizem que havia uma falta de vontade dos dois lados na época para acordar um plano de paz.
(Reportagem de Helen Murphy) 2015-01-07T182147Z_1006940001_LYNXMPEB060VD_RTROPTP_1_MUNDO-COLOMBIA-ELN-DIALOGO.JPG urn:newsml:onlinereport.com:20150107:nRTROPT20150107182147LYNXMPEB060VD Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, durante cúpula no México OLBRWORLD Reuters Brazil Online Report World News 20150107T182147+0000 20150107T182147+0000