Por Alexandra Ulmer
(Reuters) - O candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, fez várias afirmações falsas ou extremas durante o debate de terça-feira com a vice-presidente democrata Kamala Harris, como por exemplo sobre imigrantes que comeriam animais de estimação, que democratas seriam a favor da execução de recém-nascidos e que Israel deixaria de existir em um mandato de Kamala, o que exigiu várias vezes uma correção dos moderadores.
Talvez o mais impressionante tenha sido Trump ampliando uma afirmação falsa que se tornou viral de que vários imigrantes haitianos em Springfield, Ohio, estão roubando animais de estimação dos moradores ou pegando animais selvagens de parques para comer.
"Eles estão comendo os cachorros! As pessoas que vieram para cá. Estão comendo os gatos! Eles estão comendo, estão comendo os animais de estimação das pessoas que moram lá", disse Trump, durante o debate.
Kamala riu e balançou a cabeça. O moderador disse que não havia relatos confiáveis de animais de estimação sendo feridos. Trump rebateu dizendo que havia visto entrevistas na TV de pessoas que disseram que seus cães haviam sido levados e comidos.
A Casa Branca, liderada pelo atual presidente, o democrata Joe Biden, condenou na última terça-feira a desinformação que viralizou, também compartilhada pelo companheiro de chapa de Trump, o senador JD Vance. A Casa Branca disse que tais comentários buscam dividir os norte-americanos por meio de mentiras e eram baseados em racismo.
Trump repetiu a falsidade de que milhões de imigrantes estão entrando nos Estados Unidos vindos de prisões e instituições mentais estrangeiras. "Eles estão tomando conta das cidades. Estão tomando conta dos edifícios. Estão entrando com violência", disse Trump.
Os imigrantes não realizaram nenhuma tomada violenta de cidades norte-americanas.
Algumas das afirmações de Kamala foram exageradas ou contestadas por Trump, de acordo com uma verificação de fatos da Reuters, embora a análise não tenha apontado grandes falsidades da parte dela.
Em um caso, Kamala citou Trump dizendo que haveria um "banho de sangue" se ele não fosse eleito, uma referência a um discurso que ele fez em março de 2024 em Dayton, Ohio. A campanha de Trump disse mais tarde que ele estava se referindo ao destino da indústria automobilística durante o governo Biden.
INFANTICÍDIO, ISRAEL, CRIME
Trump também reiterou uma falsidade -- que ele frequentemente compartilha em seus comícios -- de que os democratas são tão extremistas em relação ao direito ao aborto que apoiam a morte de recém-nascidos.
"Seu candidato a vice-presidente diz que o aborto no nono mês é absolutamente aceitável. Ele também defende a execução após o nascimento", disse Trump sobre o companheiro de chapa de Kamala, o governador de Minnesota, Tim Walz.
Kamala disse que apoia o restabelecimento da decisão histórica da Suprema Corte, Roe v. Wade, de 1973, que reconheceu o direito constitucional das mulheres ao aborto até cerca de 24 a 28 semanas. Kamala e Walz não apoiam a execução de bebês.
Mais tarde, durante uma discussão sobre o Oriente Médio, Trump disse que Kamala "odeia" Israel.
"Se ela for presidente, acredito que Israel não existirá dentro de dois anos", disse Trump, sem compartilhar nenhuma evidência para tal afirmação. "O lugar inteiro vai ser explodido... Israel não existirá mais."
Kamala disse que "absolutamente não é verdade" que ela odeia Israel e disse que apoiou o país durante toda a sua carreira.
Trump também afirmou que as taxas de criminalidade estavam caindo em todo o mundo, exceto nos Estados Unidos, onde ele disse que as taxas estavam "nas alturas".
Dados do FBI divulgados em março mostraram que os homicídios nos EUA caíram mais de 13% em 2023, diminuindo pelo segundo ano consecutivo após um aumento vertiginoso durante a pandemia do coronavírus.
No entanto, os dados estão em desacordo com a percepção pública de que o crime está piorando.
(Reportagem de Alexandra Ulmer)