Em telefonema, Vieira e Rubio acertam reunião em Washington para tratar de tarifas

Publicado 09.10.2025, 12:01
Atualizado 09.10.2025, 20:07
© Reuters.

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) -O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, conversaram na manhã desta quinta-feira, por telefone, e acertaram uma visita do chanceler brasileiro a Washington para retomar as negociações sobre as tarifas comerciais impostas pelos EUA ao Brasil, informou o governo brasileiro.

Em nota, o Itamaraty informou que a data do encontro ainda será definida e classificou o diálogo como "muito positivo".

De acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, a intenção é que a ida de Vieira a Washington aconteça ainda em outubro, a depender da agenda do chanceler e do secretário. Esse seria o início da preparação para um encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que também não tem uma data, mas que teve aventada a possibilidade de uma reunião bilateral durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), no final do mês.

O telefonema desta quinta-feira aconteceu na sequência da conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano, Donald Trump, na segunda-feira. Na conversa, os dois mandatários acertaram a retomada das negociações entre Brasil e EUA, e Trump designou Rubio para ser o contato dos EUA com o governo brasileiro.

O secretário de Estado então ligou para Vieira nesta quarta, no que está sendo visto pelo governo brasileiro como uma intenção verdadeira dos Estados Unidos em negociar, ao menos do que se trata de questões comerciais e financeiras.

Rubio, até o momento, havia sido o mais vocal dos assessores de Trump nas críticas ao Brasil devido à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal pela tentativa de golpe de Estado. No entanto, desde a rápida conversa entre Lula e Trump durante a Assembleia-Geral da ONU, em que o presidente norte-americano afirmou que havia surgido "uma química" entre eles, os ataques de Rubio e seus assessores ao Brasil cessaram.

Dentro do governo, a mudança de uma situação em que os canais não existiam para a rápida evolução que se vê hoje é comemorada, mas ainda com cautela. Uma fonte diplomática lembra que, apesar das conversas serem uma vitória incontestável, a situação na prática no Brasil não mudou: as tarifas para exportações brasileiras e as sanções continuam em vigor.

O que avançou, disse, é que abriu-se um canal de comunicação no mais alto nível e não houve mais medidas contra o Brasil, e isso pode ser considerado uma vitória na atual situação. Não há dúvidas, no entanto, que qualquer negociação não será fácil.

Apesar de destacar que as questões comerciais entre Brasil e EUA foram esmiuçadas nas tentativas de negociação no primeiro semestre -- o Brasil tem uma proposta feita que até hoje não foi respondida --, não se sabe o que os norte-americanos tentarão colocar na mesa.

Até o momento, as conversas passarão ao largo do nome de Jair Bolsonaro. Até mesmo a nota sobre o telefonema com Mauro Vieira, divulgada pelo Departamento de Estado, falava na negociação de questões comerciais e assuntos regionais, sem mencionar o lado político.

Uma das fontes ouvidas pela Reuters reforça que a situação do ex-presidente não é objeto de discussão, mas que as sanções contra ministros do Supremo e do próprio governo terão que ser discutidas.

Fontes ouvidas pela Reuters dizem que a reunião de Vieira e Rubio poderia acontecer no final da semana que vem, na janela entre a viagem de Lula a Roma e a provável ida de Trump e Rubio ao Oriente Médio e a cúpula da Asean, dias 26 e 27, na Malásia. O encontro dos dois diplomatas poderia abrir caminho para uma reunião dos dois presidentes em Kuala Lumpur, se as agendas ajudarem.

(Reportagem de Lisandra ParaguassuEdição de Pedro Fonseca e Alexandre Caverni)

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