Por Michael Taylor
KUALA LUMPUR (Thomson Reuters Foundation) - A quantidade de carbono emitida pelas florestas tropicais que o mundo perdeu não foi devidamente informada, já que as estimativas não levaram em conta os efeitos de longo prazo da destruição de árvores, disseram pesquisadores.
Um novo estudo internacional reavaliou os impactos do carbono das florestas que foram destruídas ou degradadas entre 2000 e 2013, que chegam a 49 milhões de hectares – quase o tamanho da Espanha.
A liberação de carbono causada pelas perdas destas "florestas intactas" equivalerá a mais de seis vezes as estimativas prévias quando as emissões adicionais provocadas pelas mudanças ocorridas nas florestas até 2050 forem incluídas, mostrou o estudo.
Florestas intactas são grandes áreas de florestas contínuas sem sinais de atividade humana intensa, como agricultura ou corte de árvores.
"Depois que você causou a rodada inicial de danos, se comprometeu com muitas emissões adicionais no futuro uma vez que a floresta se abriu", disse Tom Evans, coautor do estudo, da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem (WCS) de Nova York.
"É um pouco como se, tendo se ferido no trabalho, você perdesse renda durante muitos anos à frente", disse ele à Thomson Reuters Foundation. "Essa perda de renda de carbono acaba sendo a maior parte do quadro para estas florestas intactas".
As árvores absorvem dióxido de carbono do ar e armazenam carbono, o principal gás de efeito estufa aquecendo o clima da Terra, mas o liberam quando são cortadas e queimadas ou apodrecem.
Ambientalistas dizem que proteger as florestas existentes ou restaurar as deterioradas evita inundações, limita a mudança climática e protege a biodiversidade.
Os trópicos perderam 12 milhões de hectares de cobertura vegetal em 2018, a quarta maior perda anual desde que os registros começaram, em 2001, de acordo com o serviço de monitoramento de florestas Global Forest Watch.
Ainda mais preocupante, segundo a entidade, foi o desaparecimento de 3,6 milhões de hectares de florestas tropicais antigas, uma área do tamanho da Bélgica, em grande parte devido a incêndios, liberação de terras para a agricultura e mineração.
As áreas analisadas no novo estudo, publicado no periódico científico Science Advances, incluem florestas intactas nas bacias da Amazônia e do Congo e em ilhas do sudeste da Ásia.