Por Umberto Bacchi
TBILISI, Rússia (Thomson Reuters Foundation) - Realizada por uma companhia russa, a oferta de pagamentos extras para mulheres que usam uma saia ou um vestido para trabalhar provocou fúria pelo país, com feministas chamando a atitude de retorno à Idade Média.
A Tatprof, empresa do segmento de alumínio, prometeu o acréscimo de 1,5 dólar por dia a funcionárias que enviarem aos chefes fotos em que estejam vestidas segundo as normas que também exigem maquiagem modesta e cabelos presos.
A "maratona de feminilidade" permitiria que as mulheres se sentissem mais femininas e alegraria o escritório para a equipe - majoritariamente masculina -, informou a companhia ao site de notícias TJurnal.
A política da empresa causou manifestações de indignação de russas em redes sociais.
"Não estamos aqui para fazer com quem os dias dos homens sejam mais alegres", escreveu a usuária @jumagri no perfil do Instagram da empresa, enquanto a blogueira feminista Zalina Marshenkulova descreveu a atitude como "notícias da Idade Média".
Procurada, a companhia se recusou a comentar, referindo-se às declarações feitas à mídia local, nas quais negou que a campanha seja sexista.
A Tatprof afirmou nos comentários à imprensa local que todas as mulheres que enviaram fotos até agora -- de contadoras a gerentes de vendas e especialistas em segurança industrial -- "estão sorrindo e até parecem estar radiantes".
Jacqui Hunt, diretora do escritório europeu da Equality Now, disse que a campanha perpetuou estereótipos danosos que são um retrocesso para mulheres e homens.
"Tais mensagens são desrespeitosas e ofensivas às mulheres russas e perpetuam nocivos papeis designados que prendem tanto homens quanto mulheres, empobrecendo a sociedade em vez de permitir que ela floresça", disse ela à Thomson Reuters Foundation.
A sede da companhia está localizada em Naberezhnye Chelny, grande pólo industrial no oeste da Rússia, e companhia fabrica uma vasta gama de produtos de alumínio, de batentes de janelas a grades para varandas.
A legislação da Rússia impede que mulheres trabalhem em mais de 450 funções que envolvam "trabalho pesado" e trabalhar sob condições de insalubridade, como mineração, combate ao fogo e mergulho.