Por John Geddie
CINGAPURA (Reuters) - A epidemia de coronavírus pode estar chegando ao pico da China, onde foi detectada na cidade central de Wuhan, mas está só começando no resto do mundo e provavelmente se espalhará, disse um especialista global em doenças infecciosas nesta quarta-feira.
O principal conselheiro médico do governo chinês disse que a doença está atingindo um pico em seu país e que pode ser debelada até abril. Ele ainda disse que baseou sua previsão em modelos matemáticos, acontecimentos recentes e uma ação governamental.
Mas Dale Fisher, presidente da Rede Global de Alerta e Resposta a Surtos, que é coordenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), disse que o "curso de tempo" previsto pode estar correto caso se permita que o vírus se dissemine livremente em Wuhan.
"É justo dizer que é exatamente isso que estamos vendo", disse ele à Reuters em uma entrevista. "Mas ele se espalhou para outros lugares onde o surto está começando. Em Cingapura, estamos no início do surto."
O vírus semelhante à gripe já matou mais de 1.100 pessoas e infectou quase 45 mil, predominantemente na China e a maioria em Wuhan.
Cingapura relatou 50 casos de coronavírus, uma das maiores cifras fora da China, o que inclui indícios crescentes de transmissão local.
"Mas realmente acredito que eventualmente todo país terá um caso", disse Fisher.
Indagado sobre a razão de tantos casos em Cingapura, ele respondeu que, comparativamente, existem mais exames sendo realizados na ilha.
"Temos um índice muito baixo de suspeita ao examinar as pessoas assim... mas temos uma determinação maior", disse, mas acrescentando que ainda se desconhece muito sobre a transmissão do vírus.
Kenneth Mak, diretor de serviços médicos do Ministério da Saúde de Cingapura, disse em uma coletiva de imprensa que é difícil ter confiança em projeções de que a epidemia terá um pico na China neste mês, mas que, de qualquer maneira, picos em outros países ocorrerão um ou dois meses mais tarde do que na China.
Fisher disse não haver justificativa para o pânico que está levando as pessoas a comprarem itens básicos, como arroz e papel higiênico, visto em Cingapura.
"Não existe indício de que teremos escassez de nada", disse. "Eu ficaria de cabeça fria."