Por Humeyra Pamuk
ISTAMBUL, Aug 11 (Reuters) - O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, disse neste sábado que os Estados Unidos estão errados em forçar a Turquia a aceitar suas exigências por meio de ameaças, um dia após o presidente norte-americano, Donald Trump, dobrar as tarifas sobre importações de metais turcos.
Os dois governos discordam sobre uma ampla gama de questões - de interesses divergentes na Síria à ambição turca em adquirir sistemas de defesa russos, além do caso do pastor evangélico Andrew Brunson, que está sendo processado na Turquia sob acusações de terrorismo.
"Você não pode fazer esta nação aceitar o que você quer falando a língua da ameaça", disse Erdogan a um público de apoiadores na cidade turca de Unye na costa do Mar Negro. "Eu estou mais uma vez falando com aqueles na América: É uma pena que vocês escolham um pastor em vez do seu parceiro estratégico da Otan", disse.
Depois de quase 20 meses em uma prisão turca, Brunson foi transferido para regime domiciliar em julho por um tribunal local. Desde então, Trump e seu vice, Mike Pence, têm repetidamente exigido a libertação do evangélico enquanto Ancara diz que a decisão cabe à Justiça do país.
Em resposta, Washington sancionou dois ministros turcos e Trump na sexta-feira anunciou que vai dobrar tarifas sobre importações de aço e alumínio da Turquia, dizendo que as relações com Ancara "não estavam boas no momento".
A debilitada lira turca, que já perdeu um terço de seu valor neste ano principalmente devido às preocupações sobre o controle de Erdogan sobre a economia, despencou ainda mais, atingindo uma mínima histórica, a um certo ponto perdendo 18 por cento, a maior queda desde 2001.
Uma reunião na sexta-feira, revelando uma nova abordagem econômica pelo ministro das Finanças da Turquia, Berat Albayrak, genro de Erdogan, fez pouco para oferecer apoio à queda livre da lira, enquanto investidores buscavam passos concretos, como uma alta na taxa de juros básica do país, para restaurar a confiança.
No sábado, Erdogan repetiu um chamado aos turcos para ajudarem a apoiar a lira por meio da venda de dólares e euros, em meio ao que chamou de "guerra de independência".
"Se você tem dólares embaixo do seu travesseiro, tire eles de lá. Se você tem euros, tire de lá (...) Imediatamente dê eles aos bancos e faça a conversão para a lira turca e ao fazer isso, nós lutamos essa guerra de independência pelo futuro. Pois essa é a língua que eles entendem", disse.
Um importante mercado emergente, a Turquia faz fronteira com o Irã, Iraque, e a Síria, e é majoritariamente pró-ocidente há décadas. Os distúrbios financeiros arriscam desestabilizar ainda mais uma região já volátil.
Erdogan trata o último episódio sobre sua moeda corrente como uma guerra, e sem nomear países específicos, disse também que os apoiadores de um golpe militar fracassado há dois anos, que Ancara diz ter sido organizado por um clérigo muçulmano baseado nos Estados Unidos, estariam atacando a Turquia de novas maneiras desde sua reeleição, há dois meses.
(Por Humeyra Pamuk)