ANCARA (Reuters) - A Turquia vê de forma positiva o pedido de adesão da Finlândia à Otan, mas não apoia a proposta da Suécia, disse o presidente turco, Tayyip Erdogan, nesta quarta-feira.
"Nossa posição sobre a Finlândia é positiva, mas não é positiva sobre a Suécia", afirmou Erdogan sobre as candidaturas dos dois países europeus à Otan em um discurso para os deputados do seu Partido AK no Parlamento.
Suécia e Finlândia se inscreveram no ano passado para aderir ao pacto de defesa transatlântica depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, mas enfrentaram objeções inesperadas da Turquia e desde então buscam obter seu apoio.
A Turquia quer que Finlândia e Suécia, em particular, adotem uma linha mais dura contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado um grupo terrorista pela Turquia e pela União Europeia, e contra outro grupo que culpa por uma tentativa de golpe em 2016.
Os três países chegaram a um acordo sobre um caminho a seguir em Madri em junho passado, mas Ancara suspendeu as negociações no mês passado, quando as tensões aumentaram após protestos em Estocolmo, nos quais um político dinamarquês de extrema-direita queimou uma cópia do livro sagrado muçulmano, o Alcorão.
"A Suécia não deveria se preocupar em tentar neste momento. Não vamos dizer 'sim' ao seu pedido à Otan enquanto permitirem a queima do Alcorão", disse Erdogan.
O ministro das Relações Exteriores da Suécia, Tobias Billström, afirmou que a Suécia continuaria a implementar o acordo de Madri.
"Está muito claro o que é necessário para que a Suécia se torne um membro da Otan e vamos cumprir os requisitos que estão presentes no acordo trilateral", disse ele à agência nacional de notícias TT. "Religião não faz parte do acordo."
No fim de semana, Erdogan sinalizou que Ancara poderia concordar com a entrada da Finlândia na Otan antes da Suécia. Mas o ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Pekka Haavisto, disse na segunda-feira que seu país estava mantendo seu plano de se candidatar em conjunto com a Suécia.
Dos 30 membros da Otan, apenas Turquia e Hungria ainda não ratificaram a adesão dos países nórdicos.
(Por Nevzat Devranoglu e Ezgi Erkoyun; reportagem adicional de Essi Lehto, em Helsinque, e Simon Johnson, em Estocolmo)