Por Gabrielle Tétrault-Farber
GENEBRA (Reuters) - A especialista em tortura da Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta sexta-feira que está investigando as alegações de tortura e maus-tratos contra palestinos detidos em Israel e que está em negociações para visitar o país.
Falando à Reuters à margem do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, Alice Jill Edwards disse que recebeu recentemente alegações de tortura e maus-tratos de palestinos detidos na Cisjordânia ocupada por Israel ou como resultado do conflito em Gaza, onde Israel está lutando contra o grupo militante palestino Hamas.
"Estou analisando isso neste momento e realizando uma investigação para apurar os fatos", disse Edwards, relatora especial da ONU sobre tortura e outros tratamentos ou punições cruéis, desumanos ou degradantes.
"Estou pedindo ao Hamas, ao Estado da Palestina e a Israel que deixem de lado suas ferramentas de tortura, que realmente se concentrem na paz e na perspectiva de viverem lado a lado como vizinhos no futuro."
Não houve nenhum comentário imediato da missão diplomática israelense em Genebra.
O escritório de direitos humanos da ONU afirma ter recebido inúmeras denúncias de detenção em massa, maus-tratos e desaparecimento forçado de palestinos no norte de Gaza pelo Exército israelense, e registrou a prisão de milhares de pessoas na Cisjordânia.
Os militares israelenses têm afirmado que sua operação em Gaza foi projetada para "desmantelar as capacidades militares do Hamas" e resgatar reféns capturados pelo grupo no ataque ao sul de Israel em 7 de outubro, que desencadeou o conflito.
Edwards disse que também havia levantado alegações de assassinatos em massa, mutilações e violência sexual contra reféns com as autoridades palestinas por meio da Missão Permanente da Palestina em Genebra.
Ela disse que, no entanto, recebeu "uma resposta decepcionante" que "não demonstrou empatia pelas pessoas que foram submetidas a terríveis atrocidades no dia 7 de outubro".
A missão não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Israel diz que militantes palestinos mataram cerca de 1.200 israelenses e sequestraram 253 em 7 de outubro. Autoridades de saúde em Gaza dizem que Israel já matou quase 31.000 palestinos em sua ofensiva de retaliação.