Por Jennifer Rigby
GENEBRA (Reuters) - Alguns importantes especialistas em doenças infecciosas estão cobrando medidas mais rápidas das autoridades sanitárias globais para conter um surto cada vez maior de varíola que se disseminou em pelo menos 20 países.
Eles defendem que governos e a Organização Mundial de Saúde (OMS) não podem repetir os erros iniciais da pandemia de Covid-19 que atrasou a identificação de casos, ajudando o vírus a se espalhar.
Embora a varíola não seja tão transmissível ou perigosa quanto a Covid, segundo esses cientistas, há a necessidade de uma orientação mais clara sobre como pessoas infectadas com varíola devem se isolar, conselhos mais explícitos sobre como proteger as pessoas que estão em risco e melhores testes e rastreamento de contatos.
“Se isso se tornar endêmico (em mais países), teremos outra doença complicada e muitas decisões difíceis a tomar”, disse Isabelle Eckerle, professora do Centro de Genebra para Doenças Virais Emergentes, na Suíça.
A OMS está ponderando se o surto deve ser avaliado como uma possível emergência de saúde pública de relevância internacional (PHEIC, na sigla em inglês), disse uma autoridade à Reuters. A determinação da OMS de que um surto representa uma emergência sanitária global - como a Covid ou a Ebola - ajudaria a acelerar pesquisa e financiamentos para conter a doença.
“Está sempre sob consideração, mas nenhum comitê de emergência ainda (sobre a varíola)”, disse o diretor de programas de emergência sanitária da OMS, Mike Ryan, durante a reunião anual da agência em Genebra.
No entanto, especialistas dizem que é improvável que a OMS chegue a essa conclusão em breve porque a varíola é uma ameaça conhecida, e o mundo tem as ferramentas para enfrentá-la. Discutir se organizará comitês de emergência, o órgão que recomenda a emergência de saúde pública, apenas faz parte da resposta normal da agência, disseram autoridades da OMS.
Eckerle cobrou que a OMS encoraja países a adotar medidas de isolamento mais coordenadas e rígidas, mesmo sem uma declaração de emergência. Ela se preocupa que o discurso de que o vírus é leve, assim como a disponibilidade de vacinas e tratamentos em alguns países, “possa levar a um comportamento preguiçoso das autoridades públicas de saúde”.
(Reportagem de Jennifer Rigby; Reportagem adicional de Emma Farge)