BERLIM (Reuters) - A agência de espionagem da Alemanha está trabalhando novamente com o serviço secreto do presidente sírio, Bashar al-Assad, para trocar informações sobre militantes islâmicos, disse o jornal alemão Bild, apesar da oposição do governo do país à permanência de Assad no poder em qualquer acordo de paz para a Síria.
Citando fontes bem informadas, o jornal de grande circulação disse que agentes do serviço alemão de inteligência BND viajaram regularmente para Damasco para consultas com colegas sírios.
Duas semanas atrás, o Parlamento alemão aprovou um plano para apoiar uma campanha de ataque aéreo dos Estados Unidos contra insurgentes do Estado Islâmico na Síria, por meio do envio de jatos de reconhecimento Tornado, uma fragata para ajudar a proteger o porta-aviões francês Charles de Gaulle, aeronaves de reabastecimento e até 1.200 militares.
A imprensa alemã apelidou a missão de "primeira guerra" da chanceler Angela Merkel e pôs em evidência os riscos para os pilotos alemães nas operações em território em poder do Estado Islâmico.
O objetivo da renovação dos contatos do BND com Damasco é a troca de informações sobre os militantes, especialmente os do Estado Islâmico, e criar um canal de comunicação permanente no caso de um piloto de um Tornado ser abatido sobre a Síria, disse o Bild.
Uma porta-voz do governo não confirmou nem refutou a reportagem. "Não posso comentar detalhes operacionais do trabalho do BND", disse Christiane Wirtz, em um contato regular com a imprensa. O BND não respondeu imediatamente a um pedido de entrevista.
Segundo o Bild, o BND quer abrir uma sede em Damasco o mais rápido possível para ter agentes permanentemente posicionados no país e está fazendo os preparativos com o conhecimento do governo.
Agentes poderiam ficar na embaixada alemã, que está atualmente fechada, de acordo com o Bild, e o governo de Merkel quer tomar uma decisão final no início do próximo ano.
O Ministério da Defesa da Alemanha descartou a possibilidade de qualquer cooperação entre as forças alemãs que vão participar da campanha militar contra o Estado Islâmico e as forças de Assad.
Na quarta-feira, Merkel disse aos parlamentares no Bundestag (câmara baixa do Parlamento) que há um grande esforço diplomático para pôr fim a quatro anos de conflito na Síria, em uma solução de longo prazo que não envolva Assad.