SÃO PAULO (Reuters) - “As criaturas mais felizes do mundo”. É assim que são conhecidos os “Trolls”, que dão nome à vibrante animação da Dreamworks.
Vagamente inspirados em bonecos criados na Dinamarca, que se popularizaram no Brasil entre as décadas de 1970 e 1990, sua comunidade lembra a harmoniosa Vila dos Smurfs, não fosse o fato de terem caído em um pote de arco-íris e terem balada todo o dia.
Com a sua profusão de cores em 3D, um setlist de músicas pop de várias épocas que as criaturas cantam sem parar, e até uma hora do abraço para esses bichos peludinhos e cabeludos, a felicidade dos Trolls é feita na medida para conquistar o público-alvo.
Os Berguens, porém, já estão conquistados há muito tempo: eles se alimentam de Trolls, pois acham que só eles podem lhe trazer a felicidade. Por isso, quando o esconderijo dos pequeninos felizes é descoberto pela chefe dos ogros infelizes, a futura rainha Poppy precisa resgatar seus amigos, tendo como única ajuda o rabugento Tronco.
Porém, para isso, deverão enfrentar a vontade do príncipe dos Berguens.
É uma história simples para as crianças, que não deve encantar tanto os pais. No entanto, eles podem ficar satisfeitos com a moral de que a felicidade está dentro de si sendo passada para os seus filhos.
O roteiro de Jonathan Aibel e Glenn Berger, produtores de “Kung Fu Panda”, possui um humor que não é de risos rasgados, mas é cativante o suficiente pela interessante escolha de um coprotagonista descrente, paranoico e imune à cantoria e felicidade transbordantes do resto da comunidade, contrapondo com sua hiperanimada companheira.
Justin Timberlake, que é produtor musical do filme e empresta a voz à Tronco, canta algumas músicas na animada trilha sonora, e seu hit já há algum tempo nas paradas de sucesso “Can’t Stop The Feeling!” está lá, em uma das poucas músicas executadas em inglês nas cópias brasileiras, em que se opta por versões dubladas de boa parte das canções, exceto esta.
É certo que algumas delas ganharam uma versão especial originalmente no filme com mudança de letra para se adaptar às cenas, como “Move Your Feet”, em que a tradução facilita a compreensão das crianças - porém fica estranho não fazer isso com todas. De qualquer modo, o uso de “True Colors”, traduzida e de “The Sound of Silence”, original, rendem os melhores momentos musicais.
Os diretores Mike Mitchell, com experiência em animação à frente de “Shrek Para Sempre” e “Alvin e os Esquilos 3”, e Walt Dohrn, roteirista de “Bob Esponja”, garantem um visual interessante em sua dicotomia bipolar. A cidade infeliz dos Berguens apresenta um belo design sombrio, que remete a animações como “Boxtrolls”, enquanto o colorido da Vila dos Trolls é mais chamativo para os pequenos espectadores.
(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)
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