SÃO PAULO (Reuters) - "Já Estou com Saudades" é a enésima reciclagem do clichê do gênero "amiga doente" – que encontrou melhores dias em filmes como "Amigas Para Sempre" e, até certo ponto, "Laços de Ternura" – mas, ainda assim, há algo no filme de Catherine Hardwicke ("Aos Treze", "Crepúsculo") que não o deixa passar completamente batido.
Uma de suas qualidades é a dupla central, vivida com energia e carisma pela americana Drew Barrymore e a australiana Toni Collette. Elas são amigas desde a infância, quando Jess (Drew) se muda para a Inglaterra e é recebida, na escola, por Milly (Toni). Os anos passam, os amores vêm e vão, e cada uma segue um estilo de vida.
Milly se envolve com um astro do rock, Kit (Dominic Cooper), engravida e casa, mas logo consegue um emprego estável. Jess também encontra o seu caminho – embora com menos glamour – e tenta, sem sucesso, engravidar do namorado, Jago (Paddy Considine).
Esse é o perfil das personagens. E, em menos de 10 minutos de filme, um oncologista entra em cena para diagnosticar Milly com um tumor maligno no seio. Pouco depois, Milly está contando para o casal de filhos pequenos como será seu tratamento, e, não demora muito, uma agulha em close é inserida na sua mão.
Hardwicke, trabalhando a partir de um roteiro de Morwenna Banks, não seu furta de mostrar momentos difíceis – para as personagens e para o público, com direito a detalhes médicos e crise matrimonial profunda para Milly.
Jess também enfrenta seus dramas pessoais – além de ajudar e sofrer com a amiga. Seu namorado passa boa parte do tempo trabalhando numa plataforma de petróleo. E, quando Jess finalmente engravida, não tem coragem de contar para a amiga que está passando por um momento difícil. E, então, ela mesma vai viver um dilema com Jago.
Um dos problemas em "Já Estou com Saudades" é a quantidade de provações em série que desabam sobre a dupla central – como se o câncer de uma delas não fosse o suficiente para sustentar um drama.
Ainda assim, Drew tem um carisma quase inexplicável, que nem as bobagens cômicas que faz com Adam Sandler conseguem apagar (nos filmes com ele, como "Juntos e Misturados", aliás, ela é sempre o que há de menos ruim). Isso, aliado ao talento de Toni, resulta numa química perfeita, num filme feito para fazer chorar sem vergonha de assumir-se como tal.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
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