SÃO PAULO (Reuters) - As crianças cresceram. Já era possível perceber isso em “Carrossel – O Filme” (2015), adaptação cinematográfica da novela infanto-juvenil homônima do SBT, um remake da original mexicana. Um ano depois do primeiro filme e seus impressionantes 2,5 milhões de espectadores, a sequência “Carrossel 2 – O Sumiço de Maria Joaquina” evidencia esse aspecto no elenco infantil agora com cara de adolescente, mesmo que a história não acompanhe esta mudança.
Mauricio Eça, que codirigiu o anterior com Alexandre Boury, assume sozinho a direção da nova aventura, que sai do acampamento de férias e vai para a cidade. Com o sucesso na internet do clipe de Panapaná, o número final do outro longa, os alunos da Escola Mundial são convidados a participar de um show da famosa cantora Didi Mel (Miá Mello), amiga de infância da professorinha Helena (Rosanne Mulholland, pela primeira vez num filme da franquia).
O problema é que os já conhecidos vilões causadores das confusões das férias passadas saem da prisão com uma ajuda misteriosa e sequestram a mimada Maria Joaquina (Larissa Manoela), para desespero de Cirilo (Jean Paulo Campos) e seus colegas.
Os malvados e atrapalhados Gonzales (o ex-Titãs Paulo Miklos, que tem Elke Maravilha como mãe aqui) e Gonzalito (Oscar Filho) querem vingar-se das crianças e exigem que elas cumpram tarefas dentro de poucas horas, fazendo-as cruzar a cidade de bicicleta para jogar futsal com o Falcão, por exemplo, ou cozinhar com o chef Carlos Bertolazzi do “Hell’s Kitchen” do próprio SBT.
As provas, no entanto, se sucedem e desenvolvem no roteiro de Márcio Alemão e Mirna Nogueira sem a mínima preocupação com a lógica, a exemplo da participação irresponsável da professora nelas. Mesmo que o público-alvo seja o infanto-juvenil, não se deveria subestimá-lo, até porque a ação transferida para o espaço urbano levaria à comparação com sua realidade por parte desses espectadores subestimados.
O texto e a direção subaproveitam vários talentos do elenco jovem, a exemplo de Stefany Vaz e Fernanda Concon, que tiveram um bom desempenho no anterior, e de alguns já engajados em outros projetos, como Larissa em “Cúmplices de Um Resgate” (2015-), em personagens sem ou com uma única função; ou cuja piada recorrente se torna repetitiva. Em contrapartida, Eça, que, antes de rodar seu primeiro longa, “Apneia”, consagrou-se como diretor de videoclipes, utiliza esta experiência na construção dos números musicais, mas emprega uma estética publicitária que às vezes soa excessiva.
Fica, então, um contraste com o primeiro filme, agradável para toda a família em sua ingenuidade e história simples que remetia, especialmente na vilania, ao “Castelo Rá-Tim-Bum” (1994-1997), reavivando o gênero infanto-juvenil no cinema nacional.
Este novo filme, apesar de parecer mais promissor e antenado, acaba frustrando as expectativas e entregando uma experiência que deliciará só aos fãs, que têm em “Carrossel” uma das poucas referências de sua infância, por um erro do mercado de mídia brasileiro, que se esqueceu das crianças – vide a falta de conteúdo infantil na TV aberta. Porém, estes mesmo espectadores mirins, agora mais crescidos, podem ser capazes de perceber o potencial perdido da história.
(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)
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