SÃO PAULO (Reuters) - Em seu mais novo longa, “O Signo das Tetas”, Frederico Machado continua com a viagem onírica e impressionista que começou em sua estreia “O Exercício do Caos” (2012). Aqui, no entanto, há uma radicalidade numa narrativa pautada por falas poéticas de seus personagens, mais do que pelas ações. Por isso, não é de se estranhar a participação do poeta Nauro Machado (1935-2015) – cuja obra serviu de inspiração para o filme –, pai do diretor.
O filme estreia em São Paulo, exclusivamente no CineSesc.
Trata-se de um road movie, cuja principal jornada é a interior do protagonista, interpretado por Lauande Aires. Sua viagem pelo interior do Nordeste é marcada pela paisagem local, descoberta de espaços e pessoas, que ajudam a reconstituir o seu passado, recobrar suas saudades da mãe, dos amores, dos lugares.
Há, nessa jornada, uma relação documental, do personagem e do filme – como numa festa religiosa – que adiciona camadas de densidade e complementa as impressões, como quem tateia no escuro (e há várias cenas de penumbra no filme) em busca de alicerces.
Machado constrói uma obra poética e, às vezes, hermética, carregada em suas simbologias (um tanto místicas, um tanto psicológicas), que podem ser esquecidas numa leitura mais materialista - que encontraria, então, um Nordeste em busca de seu passado, de sua figura materna, que esmaeceu no presente fragmentado e hiperrealista em que vivemos.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
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