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ESTREIAS-“Com Amor, Simon” e nacional premiado “Arábia” chegam aos cinemas

Publicado 04.04.2018, 17:01
Atualizado 04.04.2018, 17:10
© Reuters. Robinson, que está no filme “Com Amor, Simon”, posa em Los Angeles

SÃO PAULO (Reuters) - Veja um resumo dos principais filmes que estreiam no país na quinta-feira:

"COM AMOR, SIMON"

- A simples existência da comédia romântica “Com Amor, Simon” talvez seja mais importante do que o filme em si, na verdade. O longa é protagonizado por um adolescente gay (Nick Robinson) que ainda não teve coragem de se declarar perante seus pais e amigos. Embora saiba que será bem aceito por praticamente todos, ele tem receio de como sua vida mudará.

Personagens como Simon, em filmes de grandes estúdios, costumam ser relegados ao papel de melhor amigo da protagonista e/ou alívio cômico. Suas personalidades e passado mal são explorados. Aqui, no entanto, ele é uma figura complexa, em busca de se assumir como quem é e encontrar seu amor, que conhece apenas pela troca de emails.

Baseado no romance homônimo, “Com Amor, Simon”, em seu ambiente escolar, ou personagens coadjuvantes, remete aos filmes de John Hughes, mas filtrado para as sensibilidades e demandas do presente, quando a questão da identidade se tornou um assunto tão urgente.

"ARÁBIA"

- Vencedor de cinco prêmios no Festival de Brasília 2017, incluindo o de melhor filme, “Arábia”, de Affonso Uchoa e João Dumans, focaliza a realidade da vida de trabalhadores industriais do interior mineiro. Seu protagonista é Cristiano (Aristides de Sousa), operário de vida nômade, pulando de trabalho em trabalho em diversas localidades de Minas Gerais, incapaz de conseguir estabilidade e fixar raízes.

A intimidade de Cristiano é desvendada através de uma terceira pessoa, o menino André (Murilo Caliari), que encontra, na casa do operário ferido num acidente, um caderno recheado de anotações, um verdadeiro diário que dá conta de cerca de 10 anos de sua vida.

A escrita emotiva do diário, que percorre o filme numa voz em off, sustenta uma exploração de raiz neorrealista deste cotidiano de trabalhadores como Cristiano, conferindo ao filme uma autenticidade que amplia seu caráter social e político numa chave sutil.

"UM LUGAR SILENCIOSO"

- Um diretor dotado de maior sutileza poderia fazer maravilhas no terror “Um Lugar Silencioso”. Mas o ator e diretor John Krasinski parece desconhecer o poder da sugestão. Seu filme – do qual é corroteirista e coprotagonista, com sua mulher, Emily Blunt – transforma a premissa interessante numa montanha de sustos tolos e complicações gratuitas.

Gasta-se pouco tempo mostrando que a Terra foi invadida por criaturas monstruosas e devoradoras de humanos, sendo capazes de perceber a presença das pessoas por qualquer ruído. Lee (Krasinski) e sua família vivem numa casa numa região rural, tentando desesperadamente não fazer barulho.

O filme tira alguma tensão de sua ideia central, mas não consegue superar suas limitações. Pouco se explica o que está acontecendo ou se abre espaço para desenvolver devidamente seus personagens. No fim, tudo soa meio gratuito. Trata-se apenas de um filme de sustos tentando passar-se por um suspense mais sofisticado.

"COVIL DE LADRÕES"

- Christian Gudegast é um roteirista e diretor que parece ter assistido a “Fogo Contra Fogo” mais vezes do que deveria. O resultado é o seu “Covil de Ladrões”, uma espécie de homenagem/cópia do clássico policial de Michael Mann de 1995, sem nunca alcançar o mesmo patamar.

Com inexplicáveis 2h20 de duração, o filme aspira a ser um épico de policiais – liderados por Big Nick O’Brien (Gerard Butler) – contra ladrões, chefiados por Ray Merrimen (Pablo Schreiber), num assalto milionário, que ocupa praticamente metade da trama.

Na primeira parte, Gudegast pacientemente apresenta os grupos de personagens, delineia seus líderes, seus laços de amizade, rivalidades, passado e presente, até começar, enfim, a ação. É curioso como se passa tempo demais fazendo isso tão meticulosamente e, ainda assim, o filme não escapa de ser confuso e inverossímil – tanto quanto o longo e enfadonho assalto ao Banco Central executado pela gangue.

"ELLA & JOHN"

- Em seu primeiro filme em língua inglesa, o diretor italiano Paolo Virzì (“Capital humano”) deixa de lado o cinismo que marcou suas obras anteriores em favor de uma história mais terna e melancólica. Os protagonistas são Ella (Helen Mirren) e John (Donald Sutherland), casados há meio século e que, para desespero dos filhos, saem em viagem num antigo trailer.

Aqui, tem-se um road movie comum que se destaca pela interpretação inspirada da dupla central – embora o filme nem sempre esteja à altura deles. Aos poucos, os motivos pelos quais caíram na estrada se revelam, envolvendo problemas de saúde.

© Reuters. Robinson, que está no filme “Com Amor, Simon”, posa em Los Angeles

Virzì não parece muito seguro para se afastar de fórmulas. Assim, o resultado parece obedecer a cada regra da cartilha do gênero – que inclui locações exóticas e tipos peculiares pelo caminho, em direção à antiga casa do escritor Ernest Hemingway (um dos ídolos de John). Ainda assim, a dupla de atores garante que o filme nunca se torne banal.

(Por Neusa Barbosa e Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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