SÃO PAULO (Reuters) - Veja um resumo dos principais filmes que estreiam nos cinemas do país nesta semana:
"O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS"
- Sofia Coppola lança-se a um remake do filme de 1971, de Don Siegel, “O Estranho que Nós Amamos”, para compor uma versão inteiramente diferente da história, embora o título e boa parte dos detalhes permaneçam os mesmos.
Premiada como melhor diretora no Festival de Cannes 2017, Sofia mostra sua marca com uma inversão de ponto de vista. No filme de Siegel, a história é contada a partir da visão do cabo McBurney (Clint Eastwood), da União nortista, sobre as mulheres sulistas que o acolheram, ferido, em plena Guerra da Secessão. No filme de Sofia, esse ponto de vista é dessas mulheres, como elas encaram este intruso e inimigo (aqui, interpretado por Colin Farrell) e que, por isso, parece mais frágil do que no filme anterior.
Embora, a rigor, muitos dos acontecimentos nos dois filmes sejam os mesmos, na obra de Sofia há uma leveza muito maior, uma empatia pela solidão dessas mulheres, interpretadas por Nicole Kidman, Kirsten Dunst e outras. Elas mostram-se capazes das tarefas físicas mais duras, e, ao mesmo tempo, são despertadas de seu isolamento pelo estranho, levando-as a descobrirem sentimentos conflitantes.
"DIÁRIO DE UM BANANA - CAINDO NA ESTRADA"
- Com um elenco inteiramente diferente dos filmes anteriores, esse novo “Diário de um Banana”, o quarto da série, traz a viagem da família Heffley para a casa de uma bisavó de 90 anos. A jornada será de carro, dando a Greg (Jason Drucker) a ideia de desviar o caminho e ir a uma convenção de games, na qual tentará tornar-se amigo de um youtuber famoso.
Alicia Silverstone interpreta a mãe dos garotos, que apenas deseja que a família passe um tempo junto sem qualquer distração digital. Por isso, confisca os aparelhos eletrônicos de todos dentro do carro, inclusive do marido (Tom Everett Scott), que precisa trabalhar enquanto viaja.
As disputas entre Greg e o irmão mais velho (Charlie Wright), um rapaz completamente sem noção, aumentam os problemas. Dirigido por David Bowers (responsável pelo segundo e terceiro filmes), este novo exemplar da franquia pode não manter o mesmo padrão, mas pelo menos inclui duas divertidas homenagens a Alfred Hitchcock que justificam sua existência.
"VALERIAN E A CIDADE DOS MIL PLANETAS"
- Baseado em HQs francesas, o filme começa com o ataque a um planeta pacífico, para a captura de um pequeno dinossauro que defeca pérolas. Para resgatá-lo e estabelecer a paz no universo, entram em cena o major Valerian (Dane DeHaan) e a sargento Laureline (Cara Delevingne).
Com esse fiapo de premissa, o diretor Luc Besson tenta segurar mais de duas horas de filme, carregados de efeitos especiais a serviço de um visual datado dos anos de 1980. Este que é hoje, alegadamente, o filme mais caro da história do cinema francês resulta num amontoado de clichês que remetem a outros mais bem-sucedidos, como “Star Wars”, “Avatar”, “Duna” e “Blade Runner”.
Contando com uma dupla central de atores sem muito brilho, o destaque do filme é a cantora Rihanna, a única a se safar aqui. Primeiro, porque é uma artista que não precisa de Besson para dar um show. Segundo, porque sua participação é minúscula.
"MALASARTES E O DUELO COM A MORTE"
- Nesta comédia de aventuras marcada pela fantasia e o sobrenatural, o malandro camponês Pedro Malasartes (Jesuíta Barbosa) vive sua vidinha simples mas sempre empenhado em espertezas destinadas a lhe trazer vantagens ou, simplesmente, para divertir-se à custa de alguém.
Por suas malandragens, Malasartes encontrou um inimigo em Próspero (Milhem Cortaz), a quem deve muito dinheiro e, para seu azar, é irmão de Áurea (Ísis Valverde), a paixão de Malasartes. Mas o grande desafio à espera do malandro é ninguém menos do que a Morte (Julio Andrade), seu misterioso padrinho de batismo que está de volta para reclamar o afilhado como seu substituto no outro mundo, já que está entediado de apagar as chamas da vida da humanidade. A morada da Morte, aliás, é o cenário em que se vê a maior parte dos muitos efeitos especiais desta produção, com direito a voos da Morte e seu assistente, Esculápio (Leandro Hassum).
Trata-se de um elenco dos sonhos, muito afinado e entregue à manutenção do clima cômico-fantástico, esticando ao máximo o fio de uma história que pretende dialogar com o público de todas as idades.
"O DIA MAIS FELIZ DA VIDA DE OLLI MAKI"
- O filme finlandês, que marca a estreia do diretor Juho Kuosmanen, foi o grande vencedor da seção Un Certain Regard do Festival de Cannes 2016. Filmado em preto-e-branco, ficcionaliza a trajetória de um personagem real, o boxeador Olli Mäki (Jarkko Lahti), um campeão regional, no verão de 1962, quando ele vai disputar o título de campeão mundial dos pesos-penas.
O enredo retrata o desconforto deste homem singelo, interiorano, diante dos círculos de poder da capital, Helsinque, sendo confrontado por pressões que, até então, ele desconhecia. Do dia para a noite, ele tem que treinar intensivamente, perder peso e fechar o foco única e exclusivamente na luta de sua vida – sem ter tempo para quem ele mais ama no mundo, a noiva Raija (Oona Airola). É então que se revela o verdadeiro tema do filme – será que é tão importante mesmo ganhar este título?
(Por Neusa Barbosa e Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb