SÃO PAULO (Reuters) - Fábula com origem no século 17, que rendeu o famoso clássico de animação da Disney, em 1950, além de diversos outros filmes, Cinderela passa por uma nova repaginação, numa versão live action, dirigida por Kenneth Branagh. Cinderela agora é interpretada pela carismática jovem atriz inglesa Lily James (a lady Rose da série "Downton Abbey").
Contando com o precioso suporte de bons efeitos visuais e do magnífico figurino da premiada Sandy Powell (três vezes vencedora do Oscar), Branagh compõe um espetáculo de encomenda para seduzir o olhar, sem afastar-se muito das premissas originais da história. Todos os elementos conhecidos estão lá, a diferença está no ritmo e no tempero de cada situação.
Lily James compõe uma heroína adorável, uma mistura precisa de ingenuidade e coragem, na medida certa para suportar o sofrimento imposto pela perda dos pais (Hayley Atwell e Ben Chaplin) e sua transformação em serva da madrasta (Cate Blanchett) e das irmãs adotivas (Sophie McShera e Holiday Grainger).
O roteiro de Chris Weitz e o talento de Cate Blanchett permitem à personagem da madrasta elevar-se um pouco além do maniqueísmo da malvada-mor da história, dando-lhe motivações humanas – afinal, uma viúva com duas filhas e pouco dinheiro tinha realmente poucas opções naquele contexto em que ela vive.
Sempre que possível, infiltra-se humor, como na situação em que Cinderela conhece o príncipe (Richard Madden, da série "Game of Thrones") – uma sucessão de mal-entendidos e meias-verdades, mas temperada com suficiente romantismo.
Da mesma forma, a fada-madrinha disfarçada de mendiga (Helena Bonham-Carter) proporciona momentos engraçados. Mas não menos fascinantes visualmente, já que aí se processa a mágica da transformação de uma abóbora em carruagem, de gansos em cavalos e sapos em pajens, tudo isso para levar Cinderela ao baile do príncipe. Essa transformação, bem como o retorno apressado pelas badaladas da meia-noite – limite dado pela fada-madrinha – são nada menos do que impressionantes, por mais que se conheça a história.
Enfim, embora tenha surpreendido a escolha de Kenneth Branagh, um diretor versátil, desde o épico "Henrique V" (89) à aventura de ação "Operação Sombra: Jack Ryan" (2014), mas sem intimidade com histórias infanto-juvenis, o resultado é agradável.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
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