Por Mica Rosenberg
NOVA YORK (Reuters) - O secretário de Segurança Interna dos Estados Unidos, Alejandro Mayorkas, disse nesta segunda-feira para os imigrantes que estão tentando deixar Cuba em meio aos distúrbios: "Vou ser claro: Se vocês vierem pelo mar, vocês não virão para os Estados Unidos".
Mas os imigrantes cubanos estão chegando aos Estados Unidos majoritariamente pelo México, através da fronteira seca, não pelo mar. E em um rompimento brusco com as políticas de seu antecessor Donald Trump, Joe Biden tem deixado a maior parte deles entrar desde que eles submetam seus pedidos de asilo, de acordo com dados oficiais do governo.
Desde que Biden chegou ao poder no final de janeiro, o número de cubanos entrando pela fronteira dos EUA com o México subiu significativamente. Neste ano fiscal, que começou em outubro até maio, as autoridades de fronteira encontraram mais de 22 mil cubanos, o maior número em mais de uma década.
Dados da agência alfandegária e de proteção das fronteiras mostram o contraste entre as abordagens dos governos Trump e Biden em relação aos imigrantes cubanos.
Em dezembro de 2020 - o último mês cheio de Trump na Presidência - quase dois terços dos cubanos pegos na fronteira foram expulsos de volta para o México segundo uma lei sanitária da pandemia conhecida como Título 42. Até maio deste ano, o último mês em que os dados estão disponíveis, cerca de 96% dos cubanos puderam entrar nos Estados Unidos para se reunirem com familiares e amigos no país e buscam status legal em tribunais de imigração.
O Departamento de Segurança Interna não respondeu imediatamente a um pedido por comentário.
Em Cuba, milhares de pessoas participaram de protestos em cidades por todo o país, em meio à frustração com a escassez de itens básicos, apagões de energia, aumento de preços e um surto no número de casos da Covid-19. Alguns manifestantes também pediam mudanças políticas. O governo cubano culpa o bloqueio e as sanções dos Estados Unidos pela escassez e diz que o governo norte-americano apoia a oposição.
Não está claro se a agitação no país pode levar a mais pessoas tentarem deixar a ilha. Mayorkas disse em seu pronunciamento à imprensa que os Estados Unidos não viram um crescimento na imigração por via marítima.
"Qualquer imigrante interceptado no mar, não importando sua nacionalidade, não será admitido nos Estados Unidos", disse Mayorkas. "O risco não vale a pena."
Mayorkas afirmou que 20 pessoas morreram nas últimas semanas em viagens assim. A Guarda Costeira dos Estados Unidos enviou recentemente duas embarcações para apoiar outras em águas próximas à costa do Haiti, que também passa por uma crise política após o assassinato de seu presidente. "Nossa prioridade é salvar vidas", disse Mayorkas.