BEIRUTE/ANCARA/WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos celebraram nesta terça-feira uma aparente pausa nos confrontos entre forças apoiadas pela Turquia e combatentes de milícias curdas na Síria, ambos integrantes da coalizão que luta contra o Estado Islâmico, mas não estava nada claro se alguma trégua iria vingar.
Washington está alarmado pela operação da Turquia, aliada na Otan, no norte da Síria, lançada há quase uma semana. A ação, chamada de “Escudo Eufrates”, tem como objetivo forçar o recuo do Estado Islâmico, mas também evitar que combatentes de milícia curda tomem mais território ao longo da fronteira turca.
Ancara teme que avanços dos combatentes curdos à medida que o Estado Islâmico é expulso tenham como meta estabelecer um enclave curdo na região da fronteira no norte do síria, um desdobramento que poderia encorajar uma insurgência curda de três décadas em território turco.
A incursão turca fez com que Washington se esforçasse para que os seus aliados rivais focassem o poder de fogo no Estado Islâmico, em vez de atacar um ao outro, depois de combates que ameaçam a estratégia de guerra norte-americana na Síria.
"Os EUA saudaram a calma durante a noite entre os militares turcos e outras forças contrárias ao Estado Islâmico na Síria”, disse Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca.
John Kirby, porta-voz do Departamento de Estado, afirmou que o período de calma havia durado de 12 a 18 horas e que os EUA gostariam que ele continuasse para que todos os integrantes da coalizão possam focar os seus esforços na luta contra os militantes do Estado Islâmico.
Uma autoridade militar curda disse que um cessar-fogo entre a Turquia e a milícia apoiada pelos curdos estava se mantendo. No entanto, fontes militares turcas negaram que houvesse qualquer acordo, enquanto um comandante rebelde sírio apoiado pela Turquia caracterizou o momento como somente uma “pausa” e disse que as operações militares logo seriam retomadas.
As forças apoiadas pelos turcos começaram a sua ofensiva na semana passada capturando a cidade síria fronteiriça de Jarablus do Estado Islâmico. Eles então avançaram para áreas controladas pelas milícias alinhadas com os curdos que apoiam os EUA na batalha contra os jihadistas.
Washington disse que a ofensiva arriscava minar a luta contra o Estado Islâmico.
(Por Angus McDowall, Orhan Coskun e Phil Stewart)