Por Humeyra Pamuk e Mike Stone
WASHINGTON (Reuters) - Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, o governo do presidente norte-americano, Joe Biden, enviou para Israel um grande número de armamentos, incluindo mais de 10 mil bombas altamente destrutivas de 2.000 libras-peso (cerca de 900 quilos), e milhares de mísseis Hellfire, disseram duas autoridades norte-americanas com informações sobre a lista de armas enviadas ao país.
De acordo com as autoridades — que não possuem autorização para falar publicamente — entre o início da guerra, em outubro, e os dias atuais, os EUA transferiram pelo menos 14 mil bombas MK-84, além de 6.500 bombas de 500 libras-peso, 3.000 mísseis de precisão ar-solo Hellfire, mil bombas anti-bunkers, 2.600 bombas de pequeno diâmetro e outras munições.
Embora as fontes não tenham informado os prazos dos envios, as quantidades sugerem que não houve uma queda significativa do apoio militar norte-americano para o aliado, apesar dos pedidos internacionais para que o país limitasse a quantidade de armamentos enviados e da recente decisão de paralisar o envio de bombas de maior poder destruidor.
Especialistas dizem que o conteúdo dos fretes aparenta ser consistente com o que Israel precisa para restaurar seus suprimentos utilizados na intensa campanha militar na Faixa de Gaza, desencadeada há oito meses, depois do ataque de militantes palestinos do Hamas, que mataram 1.200 pessoas e fizeram 250 reféns, de acordo com números israelenses.
"Embora esses números possam ser gastos de forma relativamente rápida num grande conflito, a lista claramente reflete um nível substancial de apoio dos Estados Unidos para nossos aliados israelenses", afirmou Tom Karako, especialista do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais.
Os números, que não foram informados previamente, formam a mais atualizada e extensa lista de munições enviadas para Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza.
A Casa Branca preferiu não comentar. A embaixada israelense em Washington não respondeu imediatamente aos pedidos para que falasse sobre os dados.
Os envios fazem parte de uma lista mais ampla de armamentos mandados para Israel desde que o conflito em Gaza teve início, afirmou uma das autoridades norte-americanas. Na quarta-feira, um membro do governo de Joe Biden disse a jornalistas que, desde o 7 de outubro, Washington já enviou 6,5 bilhões de dólares em assistência de segurança para Israel.
Nas últimas semanas, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que os EUA estavam retendo armamentos, algo que autoridades norte-americanas têm repetidamente negado, mesmo que assumam haver alguns "gargalos".
O governo Biden pausou o envio das bombas de 2.000 libras-peso, citando preocupações sobre o possível impacto delas em regiões densamente povoadas na Faixa de Gaza. Autoridades dos EUA insistem que o restante dos armamentos seguem sendo enviados normalmente. Uma bomba de 2.000 libras-peso pode romper concreto e metal, criando um raio de explosão mais amplo.
Washington destina 3,8 bilhões de dólares todos os anos em assistência militar para seu aliado. Embora Biden tenha alertado que imporia condições à ajuda militar caso Israel não protegesse os civis e impedisse a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza, ele não fez nada além de atrasar o envio de maio.
O apoio do presidente a Israel tornou-se um peso político na sua tentativa de reeleição neste ano, particularmente entre jovens democratas.