Por Simon Lewis
WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos impuseram sanções nesta sexta-feira contra um aliado do ministro da Segurança Nacional de Israel — um político de extrema-direita — e duas entidades que financiaram israelenses acusados de violência em assentamentos, a mais recente ação de Washington contra aqueles que os EUA consideram responsáveis pela escalada da violência na Cisjordânia ocupada.
As sanções complementam outras punições já impostas neste ano a cinco colonos e dois assentamentos ilegais, e são mais um sinal da crescente frustração de Washington com as escolhas políticas do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
As medidas tomadas nesta sexta-feira congelam quaisquer ativos pertencentes aos alvos nos EUA e impedem negócios deles com norte-americanos. Elas atingem duas organizações que lançaram campanhas de financiamento para apoiar colonos acusados de violência e já punidos anteriormente, afirmou o Departamento do Tesouro em comunicado.
Os movimentos do governo Biden contra colonos judeus desagradaram membros de extrema-direita da coalizão que forma o governo Netanyahu e que apoiam a expansão dos assentamentos e, em última instância, a anexação da Cisjordânia, onde os palestinos prevêem um futuro Estado.
As medidas também são adotadas em um momento em que a complexa relação entre Washington e o aliado Israel é colocada à prova pela guerra em gaza e ao passo em que o governo Biden pede a Israel que demonstre moderação ao responder aos ataques retaliatórios do Irã.
Washington impôs sanções contra Ben-Zion Gopstein, fundador e líder do grupo de direita Lehava, que se opõe à integração dos judeus com os não judeus.
Segundo o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, membros do grupo se envolveram em "violência desestabilizadora que afeta a Cisjordânia".
"Sob a liderança de Gopstein, o Lehava e seus membros têm se envolvido em atos ou ameaças de violência contra palestinos, muitas vezes visando áreas sensíveis ou voláteis", disse Miller em um comunicado, alertando para medidas adicionais caso Israel não adote ações para evitar ataques extremistas em meio à escalada da violência na Cisjordânia.
A União Europeia também disse nesta sexta-feira que concorda com a aplicação das sanções contra o Lehava e outros grupos ligados a colonos violentos.
Um porta-voz da embaixada de Israel em Washington não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Figura israelense mais proeminente visada pelas sanções dos EUA, Gopstein é um colaborador próximo do ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, que vive em um assentamento na Cisjordânia.
Ben-Gvir criticou nesta sexta-feira o que chamou de assédio contra Lehava e "nossos queridos colonos que nunca se envolveram em terrorismo ou feriram alguém", rotulando as alegações contra eles de "calúnia de sangue" por grupos palestinos e anarquistas.
"Peço aos países ocidentais que parem de cooperar com esses antissemitas e acabem com essa campanha de perseguição contra os pioneiros colonos sionistas", disse Ben-Gvir em comunicado divulgado por seu gabinete. Desde a guerra de 1967 no Oriente Médio, Israel ocupa a Cisjordânia, área que os palestinos querem como núcleo de um Estado independente. Lá, os israelenses construíram assentamentos considerados ilegais pela maioria dos países. Israel contesta essa visão, citando laços históricos e bíblicos com a terra.
(Reportagem de Simon Lewis; reportagem adicional de Henriette Chacar e David Ljunggren)