Por Gabriel Stargardter
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Os Estados Unidos estão planejando uma iniciativa ambiciosa para apoiar a América Central, e o governo do presidente Donald Trump está pressionando o México a fazer mais para conter o fluxo de imigrantes que fogem da violência e da pobreza na região, disseram autoridades norte-americanas e mexicanas.
A visão dos EUA está sendo formulada pelo secretário de Segurança Interna, John Kelly, que deve fazer um discurso sobre suas metas para a América Central em Washington nesta quinta-feira.
Kelly, que conhece Honduras, Guatemala e El Salvador bem por ter sido o chefe do Comando do Sul dos EUA, ajudou o governo do ex-presidente Barack Obama a delinear sua Aliança para a Prosperidade. A iniciativa de 750 milhões de dólares objetivou reduzir a migração na América Central através do desenvolvimento de projetos e do financiamento de instâncias da lei e da ordem para a repressão das gangues que dominam a região.
Kelly pretende reformular a aliança da era Obama sem um grande aumento de fundos norte-americanos pressionando o México a arcar com uma responsabilidade maior pela governança e pela segurança na América Central e obtendo novos investimentos privados para a região, disseram diplomatas norte-americanos e mexicanos.
"O que veremos é... um engajamento maior diretamente entre os governos centro-americanos e o mexicano... (e) um esforço mais intenso para integrar o lado econômico deste esforço com o lado da segurança", disse William Brownfield, secretário-assistente de Assuntos Internacionais sobre Narcóticos e Aplicação da Lei dos EUA, à Reuters.
"Veremos uma estratégia que já foi desenvolvida, mas será implantada com mais força e mais agressivamente no próximo ano, e no ano seguinte".
A aliança reformulada contrasta com algumas das posturas isolacionistas que disputam espaço na Casa Branca. Mesmo assim, é compatível com esforços de política externa de Trump como pressionar a China a fazer mais para lidar com a ameaça nuclear da Coreia do Norte e induzir seus aliados europeus a arcarem com mais gastos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O plano também coloca o México em uma situação delicada. Seu presidente, Enrique Peña Nieto, expressou diversas vezes seu desejo de preservar o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), que se tornou um pilar da economia mexicana.
Mas ele precisa evitar a impressão de ter capitulado diante de Trump, que revoltou os mexicanos com suas ameaças de retirar os EUA do Nafta e de obrigar o México a pagar por um muro que pretende construir na fronteira entre os dois países.
(Reportagem adicional de Patricia Zengerle, em Washington)