Por Anna Wlodarczak-Semczuk e Karol Badohal e Luiza Ilie
VARSÓVIA/BUCARESTE (Reuters) - Mais de 3,5 milhões de pessoas fugiram da guerra na Ucrânia para outros países, mostraram dados da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira, deixando o leste europeu com dificuldades para proporcionar-lhes cuidados médicos, escolas e empregos, apesar de uma redução nos números diários de pessoas atravessando as fronteiras.
Os milhões de pessoas que deixaram a Ucrânia desde o início da invasão russa foram a pé, de trem, ônibus ou carro para os países vizinhos, como Polônia e Romênia, e muitos seguiram depois para outros lugares pela Europa. A maioria, no entanto, não o fez.
Embora menos pessoas tenham atravessado as fronteiras na última semana, a tarefa de fornecer casas para aqueles que buscam segurança na União Europeia está se tornando cada vez mais difícil, sobretudo na Europa Central e Oriental.
A Polônia, lar da maior diáspora ucraniana na região mesmo antes da guerra, acolheu mais de 2,1 milhões de pessoas. Apesar de alguns planejarem ir para outros lugares, o influxo deixou os serviços públicos lutando para lidar com o volume de pessoas.
"O número de crianças refugiadas da Ucrânia nas escolas polonesas está aumentando em cerca de 10.000 por dia", disse o ministro da Educação, Przemyslaw Czarnek, a uma rádio pública, dizendo que 85.000 crianças haviam se matriculado em escolas polonesas.
Czarnek disse que as autoridades estavam organizando cursos de polonês básico para professores ucranianos para que eles pudessem ser empregados em escolas locais e ministrar aulas preparatórias para as crianças ucranianas antes de entrarem no sistema escolar.
Como os homens são obrigados a permanecer na Ucrânia para lutar, o êxodo consistiu principalmente de mulheres e crianças, muitas querendo ficar em países próximos à Ucrânia para estarem mais perto de entes queridos deixados para trás.
Em um vídeo postado no Twitter, o prefeito Rafal Trzaskowski disse que 10.000 estudantes ucranianos haviam se matriculado em escolas de Varsóvia e que uma variedade de opções, incluindo aulas online em ucraniano, eram necessárias para evitar um colapso do sistema educacional da cidade.
"Seremos flexíveis, agiremos, porque queremos que todos aqueles jovens que estão em Varsóvia possam estudar, seja qual for a opção que escolham", disse.
As autoridades de Varsóvia estão tentando dimensionar com precisão a tarefa em mãos enquanto procuram recrutar professores ucranianos entre os refugiados.
Mais de 500.000 pessoas fugiram para a Romênia, o segundo principal destino depois da Polônia.
Cosmina Simiean Nicolescu, chefe da unidade de assistência social de Bucareste, disse que 60 crianças ucranianas haviam começado as aulas lá esta semana, uma vez que muitos jardins de infância e escolas particulares haviam acolhido refugiados.
Com o número de refugiados se aproximando do ponto de ruptura em algumas partes, Nicolescu disse que os refugiados estavam retornando à Romênia na esperança de encontrar uma situação menos difícil.
"Há pessoas que colocamos pessoalmente em trens para ir para o oeste e que vemos de volta na estação de trem", disse.
Paloma Cuchi, representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Polônia, estimou que 30.000 dos que chegaram ao país sofrem de graves problemas mentais, enquanto 500.000 precisarão de apoio mental devido ao conflito.
"As crianças estão viajando há dias sem comida adequada, sem água adequada, estão cansadas, preocupadas", disse.
(Reportagem adicional de Pawel Florkiewicz, em Varsóvia; Emma Thomasson, em Berlim; e Jan Lopatka e Jason Hovet, em Praga)