Por Sui-Lee Wee e Ben Blanchard
PEQUIM (Reuters) - Promotores chineses acusaram nesta sexta-feira o ex-diretor de segurança interna Zhou Yongkang de corrupção, abuso de poder e revelação intencional de segredos de Estado, abrindo caminho para que ele seja julgado, numa potencial exposição dos trâmites internos do Partido Comunista.
Zhou, de 72 anos, é a autoridade chinesa mais graduada a se ver envolvida num escândalo de corrupção desde que o partido chegou ao poder em 1949. A decisão de processar Zhou ressalta o compromisso do presidente chinês, Xi Jinping, em combater a corrupção nos níveis mais altos do governo.
Na denúncia, Zhou é acusado de "tirar vantagem de sua posição e buscar benefícios para outros", "aceitar ilegalmente os ativos de outras pessoas", "abusar de poder" e "causar grandes perdas contra a propriedade pública, o Estado e o povo", disse a Procuradoria Suprema do Povo da China num comunicado publicado em seu site.
"O impacto sobre a sociedade é vil, as circunstâncias são especialmente sérias", disse o órgão, sem dar mais detalhes sobre as denúncias.
Segundo o comunicado, os supostos crimes de Zhou foram cometidos durante décadas, incluindo o período em que ocupou os cargos de diretor-geral da China National Petroleum Corporation (CNPC), de chefe do partido na província de Sichuan, no sudoeste do país, e de ministro de segurança pública, assim como de membro do Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista.
Zhou foi informado sobre seus direitos legais e ouviu as opiniões de seu advogado, acrescentou o comunicado, sem especificar o local onde Zhou, que não aparece em público desde outubro de 2013, encontra-se detido.
Nenhuma data foi marcada para o julgamento, mas a mídia estatal disse no mês passado que a China conduziria um julgamento público, com a intenção de preservar a transparência. Especialistas legais dizem, no entanto, que o partido corre o risco de que Zhou ameace revelar segredos de Estado.
Zhou foi membro do Comitê Permanente do Politburo – o mais alto órgão do poder na China – e ocupou o cargo máximo da segurança até se aposentar em 2012.
No ano passado, a China anunciou a prisão de Zhou e sua expulsão do partido, acusando-o de vários crimes, desde aceitar propina a vazar segredos estatais.